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terça-feira, 31 de maio de 2011

Triturando o FGTS dos Investidores

Baseado em artigo de David Friedlander para o Estado de São Paulo
Os trabalhadores que investiram conjuntamente parte dos recursos de suas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em ações da Petrobrás e da Vale viram o montante encolher a bagatela de R$ 1,6 bilhão este ano, por conta da queda do valor das ações das empresas motivada pela ingerência do governo nas suas administrações, o que afugentou investidores.
Em números, entre 02/01 e 20/05, o patrimônio líquido dos fundos FGTS aplicado em ações da Petrobrás diminuiu de R$ 5,5 bilhões para R$ 4,9 bilhões, uma queda de 10,5%. O da Vale encolheu de quase R$ 6 bilhões para R$ 5 bilhões, redução de 10,8%.
No caso da Vale, a troca forçada do presidente da empresa gerou medo de mais ingerência do governo. Em relação à Petrobrás, essa ingerência é escancarada.
O economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, lembra que o mercado geralmente se assustam com essas atuações e os episódios da Vale e da Petrobrás não foram bons. É só ver os relatórios dos analistas, que mostraram receio desse tipo de intervenção.
O investidor fugiu das ações da Petrobrás, em grande parte, por que o governo impediu a estatal de repassar a alta do petróleo no mercado internacional para o preço dos combustíveis aqui dentro. No caso da Vale, o processo foi mais perturbador. O governo agiu diretamente para demitir o presidente Roger Agnelli.
Embora a mineradora seja uma empresa privada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, agiu diretamente no episódio. Agnelli perdeu o cargo porque não aceitou alguns desejos do governo, como comprar navios de carga no Brasil e aumentar os investimentos em siderurgia.
Claro que apesar das perdas, quem aplicou o FGTS em Petrobrás e Vale e até hoje não resgatou, fez um ótimo negócio. De acordo com cálculos do Instituto FGTS Fácil, de agosto de 2000, quando foram vendidas, até o último dia 19, as ações da Petrobrás renderam 519%. No mesmo período, o rendimento do FGTS tradicional, que paga a Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano, foi de 70%. Os papéis da Vale, negociados em fevereiro de 2002, subiram 970% até o último dia 19. No período, o FGTS rendeu 56%.
O que não pode é uma ingerência tão grande e uma manobra monumental do governo sobre empresas independentes e que devem satisfação a seus acionistas, seja privada seja estatal, pelo que representam no mercado aberto mundial de capitais.

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