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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Taxa de Falha de UTEs; Mais Uma Coisa Pra Se Preocupar


É sabido que os termo-geradores estão rodando a toda carga, por conta da depleciação dos reservatórios da hidroelétricas. Isto remete a uma preocupação adicional: a taxa de falhas das máquinas térmicas primárias que tocam os geradores.
Sem querer ser professoral, mas cabe dizer o que são estas benditas máquinas primárias, apenas para situar o leitor.
Os geradores elétricos são tocados por uma fonte mecânica de giro que assegure a polarização dos campos elétricos dos enrolamentos elétricos e permitam a "produção" de energia na forma elétrica. Em essência, o gerador apenas converte energia mecânica em elétrica, como assegura o glorioso Isaac Newton: "Nada se perde, Nada se cria, Tudo se transforma". 
De volta aos termo-geradores, as máquinas primárias têm, inevitavelmente, generosas quantidades de calor envolvidas no processo, seja qual for a forma de disponibilizá-lo. O que comumente se dispõe como fonte mecânica térmica são caldeiras a vapor, turbinas heavy duty, turbinas aero-derivativas e máquinas alternativas (tipo motores a explosão dos carros).
Em TODAS elas, o calor decorrente da queima de combustíveis é terrível e, vale lembrar, sempre se produz gases de poder corrosivo considerável nas câmaras de combustão.
Se eu parasse aqui, qualquer pessoa de bom senso e pequena perspicácia poderia terminar com sucesso este artigo: calor + gases corrosivos + metais = cagada na certa.
Donas de casa sabem disso. Panelas e outros utensílios de cozinha mal cuidados estragam com facilidade. Grades de churrasqueiras e espetos, deterioram se não são bem lavados e untados de óleo protetor após seu uso. Motores de carro costumam dar sinais de desgaste quando levados a usos extremos.
Assim, podemos facilmente assegurar que termo-geradores levados a operação crítica e por muito tempo são mais suscetíveis a "abrir o bico".
Mesmo as robustas turbinas Heavy Duty, projetadas para aguentar desaforo; ou os motores alternativos, com baixo giro e requisitos mais leves, gemem com a continuidade do uso.
Ainda que sejam seguidos planos de parada longa de manutenção, o que parece ser difícil face à constante e contínua necessidade de se dispor das máquinas em Full Load no sistema; as mocinhas cansam e quebram.
Pois chegamos onde queríamos. Seja para manutenção preventiva; seja em ações corretivas por estafa de uso, as máquinas vão ter que parar.
O cróeu disso é que, como estão há muito tempo neste regime de operação e sem perspectiva de afrouxar, o tempo poderá tramar contra e as panes começarem a acontecer na pior fase do ciclo de chuvas. Aí phodel...Só Jesus na causa.
Sem as hidro e com as térmicas parando, será sentar no meio fio e chorar.
No afã de mostrar a superioridade até sobre o clima, o (des)governo literalmente abandonou os programa orientativos e educativos de consumo residencial. O Programa Nacional de Conservação de Energia - PROCEL, criado pelo Collor (vixe, vixe) foi jogado na lixeira e nunca mais se investiu poha nenhuma nele. Trabalhei com conservação de energia, ambiente em que se tem uma máxima: 01 kWh conservado custa um terço do investimento de produção de um novo. É verdade absoluta, mas, como todo programa educacional e de mudança de hábitos, tem longo tempo de resposta.
Oxalá a resposta da população, quando chamada a economizar energia o mais que puder, na hora do pega-pra-capar, seja rápida e obediente senão o bicho vai pegar.
Oremos...