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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Isso é Uma "Desomenagem". Pobre Almirante...

Conhecem o cidadão aí de cima? É João Cândido Felisberto, também conhecido como "Almirante Negro", líder dos marinheiros revoltosos na conhecida Revolução das Chibatas, quando marinheiros protestavam por melhores condições de trabalho e pelo fim dos castigos físicos que na época eram permitidos.
Foi discriminado e perseguido pela marinha até o fim de sua vida em 1969 com 89 anos.
Aí o (des)governo resolveu homenageá-lo dando seu nome a um petroleiro contruído em Suape/PE no Estaleiro Atlântico Sul para seu cliente Transpetro, o braço de transportes da Petrobras.

Até aí tudo bem, não fosse a festa de "lançamento ao mar" do navio cercada da pompa e circunstância de mais uma farsa eleitoral do EX e da sua criatura candidata. Em maio de 2010, no meio da campanha, ouviram-se discursos inflamados, a verborragia do ressurgimento da industria naval brasileira "sucateada pelos entreguistas tucanos que preferiam comprar navios no exterior", presentes 7.000 operários navais que eram cortadores de cana, o orgulho dos embaixadores brasileiros no exterior segundo o EX, uma infindável comitiva de puxa-sacos e cheira-calçolas, enfim, tudo o que se tinha direito para o showmício.

Pois o nosso querido João Cândido deve estar se revirando no túmulo uma hora dessas. O que aparentemente seria o resgate de sua memória e seu retorno honroso às histórias da marinha, virou um pesadelo.Previsto para navegar em Agosto do ano passado, 3 meses após a grande farsa, o navio ainda não teve sua construção concluída até hoje, frustrando as previsões do EAS e da Transpetro e continua passando por reparos. Com tanto atraso, ninguém arrisca uma data para a navegação, falando-se laconicamente em "segundo semestre" mas não dizem de que ano.

Se o primeiro e mais badalado navio ainda não se materializou, imagine os outross22 encomendados!
A bronca é tão grande que além do jogo de empurra entre contratantes e contratado, o atraso gerou uma crise sem precedentes no estaleiro, cuja construção foi simultânea ao do João Candido. Isto é: fazendo um galinheiro e pondo as galinhas prá chocarem ao mesmo tempo. Que beleza...

Em discurso na cerimônia, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, anunciou que o João Candido abria um "novo ciclo" para a indústria naval brasileira. Afinal, a última encomenda da Petrobrás a um estaleiro do Brasil para a construção de um navio daquele porte ocorrera em 1987. E o navio só foi entregue dez anos depois.

Sabe-se que meio mundo foi prá rua por lá: perderam o emprego o presidente Ângelo Alberto Bellelis ; o diretor industrial, Reiqui Abe, e seu adjunto, Domingos Edral; e o diretor de Planejamento, Wanderley Marques.
Num regime normal, entre o lançamento ao mar e a entrada em operação de um navio, passam-se, em média, três meses, período de realização de testes. Tanto que o EAS anunciou no lançamento que em agosto de 2010 o navio estaria apto a navegar.
Especialistas e profissionais da indústria naval e da Marinha Mercante creditam o atraso na entrega à construção simultânea do navio e do estaleiro. Apontam ainda a precariedade da mão de obra local como um dos fatores determinantes para o não cumprimento dos prazos.
Como houve a decisão de iniciar a construção do navio concomitantemente à construção do estaleiro, ficou claro, para quem conhece o setor, que haveria problemas, como tudo o que fazem nesse time, feito nas coxas ".
Nem mesmo um guindaste do tipo goliath o EAS dispunha. Os dois primeiros só chegaram, desmontados, em julho de 2009, um ano de atraso, conforme revelou, antes de ser demitido, o presidente Bellelis. Os goliaths têm 100 m de altura, vão de 164 metros e capacidade para içar 1.500 toneladas. O navio começou a ser construído sem o auxílio vital dessas máquinas.
A questão da mão de obra foi abordada por um experiente projetista naval, que pediu para não ter o nome identificado. O especialista disse que um atraso tão grande não é comum. Na Coreia do Sul, dois meses costumam separar o lançamento ao mar do início da operação.
O operário sul-coreano é extremamente bem treinado. Apesar de dizer que o brasileiro também recebe bom treinamento, o projetista argumenta que nosso profissional não tem grande experiência, especialmente em Pernambuco, Estado sem tradição na indústria. A experiência dele no setor indica que, para tornar-se eficiente e rápido, um operário naval precisa de quatro ou cinco anos de serviços ininterruptos, o que não ocorre no Brasil.
Portanto, a falácia dos (des)governantes mais uma vez se comprova. Não interessa se dá certo nem quanto custa. O importante é fazer o show prá enganar o povão.
E a Petrobras, que comprava navios e outros equipamentos poor valores até 50% mais baratos, fica com mais esse prejuízo, por conta das insanidades da corja. Lamentável.

Com dados do Estado de São Paulo

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