Uma matéria do Estado de São Paulo
Imagine um pequeno distrito, numa pequena cidade no Recôncavo Baiano. Vida pacata à beira do mar, conversas nas calçadas, botequim do amigo nos fins de semana.... De repente, tudo se transforma.
Três das maiores empresas do Brasil, Odebrecht, OAS e UTC, resolvem usar a benevolência da natureza e o baixo custo de grandes glebas de terra e construir um estaleiro.
Empreendimento de sucesso assegurado. Cliente cativo: uma empresa que vai fornecer sondas para outras empresas enormes e que vão prospectar para a gigantesca Petrobras, sétima empresa maior do mundo. Uma rede de negócios extraordinária.
Aí a canoa furou...
Chunchos e negociatas nunca antes imaginados na história do Brasil, colocaram todas estas empresas no olho de um furacão chamado Operação Lava a Jato.
Aí o paraíso desenhado pela população de São Roque do Paraguaçu, em Maragojipe, no Recôncavo Baiano, sofreu um duríssimo golpe.
Em menos de dois anos, a população local saiu da condição de emprego pleno para um total desemprego, com a paralisação das obras e operação do tal milagroso estaleiro Enseada Indústria Naval.
De cerca de 7.500 operários, o estaleiro emprega menos de 200 pessoas trabalham, apenas para manter os equipamentos em ordem e evitar o apodrecimento.
Quando as demissões em massa começaram, em novembro do ano passado, os moradores locais sentiram na pele a catástrofe que os esperava. Muitos tinham se endividado para realizar investimentos em infraestrutura para os novos habitantes: hotéis, restaurantes, locadoras, e por aí vai. Outros, numa surpreendente mina de ouro, compraram carros, construíram ou reformaram a casa e agora estão com o nome sujo na praça. Muitos nem chegaram a abrir as portas dos novos estabelecimentos.
Fica uma dúvida atros: o empreendimento voltará à ativa e se os empregos serão retomados? O questionamento, no entanto, está muito longe de uma solução.
Para voltar ao normal, o estaleiro depende de liberação de financiamento de R$ 600 milhões do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal além da retomada dos pagamentos da Sete Brasil (aquela empresa milagrosa criada para intermediar a construção de sondas); coisa de mais R$ 900 milhões.
Com as demissões, R$ 120 milhões em salários deixaram de irrigar a economia local nesse período. Com as famílias desempregadas e menos funcionários de fora das cidades, o comércio sucumbiu ao baixo movimento. Muitos já fecharam as portas e outros não sabem até quando aguentam arcar com as despesas. Sem demanda, eles também desempregam e provocam um efeito cascata. Da mesma forma que a chegada do estaleiro turbinou os negócios, a paralisia das obras devastou as finanças da cidadezinha, que dependia 100% da operação do empreendimento.
Cenas como essa se reproduzem Brasil afora, onde tem obra ou empreendimento destas empresas geridas por canalhas.
Roubaram em conluio com os petistas e apaniguados e agora, depois de escondidos os caraminguás que precisam para manter seus altíssimos padrões de vida; quebram e deixam a miséria para os pobres coitados, estes sim, que raparam o que tinham e pegaram dinheiro caro nos bancos (e não as benesses do BNDES) e cravaram em seus negócios.
Este talvez seja seu maior pecado. E esse eu não perdoo.
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