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terça-feira, 12 de julho de 2011

Trem-Bala Chines X Brasileiro





Começo do mês, comentamos sobre pontes, na China em em plagas Manaós. Continuando nossa comparação entre obras na China e no Brasil, leremos sobre Trem-Bala.
As dúvidas comparativas de instalações de trens de alta velocidade, sempre esbarram em três fatores: distâncias médias e longas que justifiquem seu uso com desfrute; tempo de viagem quando comparado com transporte aéreo; e custos de implantação versus tarifas a serem cobradas. Em qualquer lugar do planeta, exceto nos parques da Disney, onde nada disso é levado em conta.


Espremido entre oferecer preços competitivos com aviões e amortizar sua imensa dívida, o projeto de trem-bala chinês inaugurou semana passada a linha mais longa do mundo (2.636 km), entre Pequim e Xangai, capital-centro financeiro do país.
Diferente de obras tupiniquins, a obra foi antecipada em seis meses de modo que a inauguração fizesse parte da celebração do 90º aniversário do Partido Comunista, sendo convidados ( e cobaias) jornalistas de todo o mundo.
A linha operará com trens CRH 380, da fabrica chinesa que também produz para o metrô do Rio; dividida em classes segunda, primeira e executiva. Destaque-se que, mesmo na mais econômica, as poltronas são mais reclináveis e há mais espaço para as pernas do que num avião.
A maior atração está na executiva, onde por R$ 431,00 o passageiro pode viajar no primeiro vagão, com visão privilegiada para a cabine de comando, separado apenas por uma porta de vidro; poltronas de couro que reclina até a horizontal, tela individual para filmes e janelas mais amplas. A velocidade máxima prevista é 350 km/h, mas o governo deve reduzir para 300 km/h, por avaliações de segurança e redução de custo com gasto de energia e manutenção. Oferece ainda comodidade para usar celular e internet, mesmo que a velocidade dificulte um pouco a conexão.
Serão três tipos de operação: trens diretos entre Pequim e Xangai, diretos entre capitais provinciais e os que param em estações menores.
Na opção Pequim-Xangai sem paradas, o trem-bala vai percorrer em quatro horas e 48 minutos uma distância (1.318 km) equivalente à de São Paulo a Pelotas (270 km de Porto Alegre), viagem que leva 21 horas em ônibus.
Na assustadora traquitana tupiniquim, o traçado terá 518 quilômetros e fará a viagem entre Rio de Janeiro e São Paulo em cerca de uma hora e meia. Nome oficial ele até já tem: Trem de Alta Velocidade (TAV), mas ainda falta o (des)governo fechar seu projeto definitivo, interessados em operar, recursos para execução e, o menor dos detalhes, PROJETO BÁSICO.
Nas chamadas de interessados, ainda não paraceu nenhum otário que se aventurasse pois ninguém tem a menor idéia do que se pretende de verdade, nem seu custo final e muito menos quanto se poderá cobrar.


Se tudo der certo e os céus abençoarem, uma pequeníssima parte do trajeto poderá entrar em operação apenas em 2014.


Com base em alguns detalhes divulgados dá para ter uma ideia de como o nosso trem-bala:
VAI ENTRAR NOS TRILHOS?
Trajeto pode ter até sete estações e custo que varia entre 11 e 66 bilhões de dólares (não errei não. O range é enorme assim mesmo dada às incertezas do monstrengo)
PONTES E TÚNEIS
Para o trem-bala ser rápido, ele precisa de um traçado o mais reto possível. E para conseguir isso é bem provável que haja muitos túneis e pontes. Um dos projetos meio estudado previa que 26% do trajeto seria feito em viadutos ou pontes e 33% em túneis, mas isso é apenas uma hipótese.
SUBESTAÇÕES ELÉTRICAS
A energia elétrica necessária para alimentar a linha do trem viria de subestações elétricas espalhadas ao longo de todo o trajeto. Alguns projetos falam em pelo menos 11 subestações. Além delas, seria preciso uma rede de cabos de alta tensão suspensos. Nada disso também foi analizado e valorizado de verdade.
CUSTO DA OBRA
Usando o range aí de cima, comparamos com grandes obras do mesmo porte no Brasil:
27 bilhões de dólares: Usina Hidrelétrica de Itaipu
11 a 66 bilhões de dólares: trem-bala
2,1 bilhões de dólares: 12,8 KM de metrô em SP
VELOCIDADE MÉDIA
Ainda estão sendo estudados modelos de trem-bala de vários países. O japonês N700, um dos mais modernos em operação, tem média de velocidade de 270 km/h. Mas os planos do governo são ambiciosos: fala-se em pelo menos 285 km/h de média!
PREÇO DA PASSAGEM
Por enquanto, só dá para estimar usando um projeto, analisado pelo MINTRANS (HEIN???) em 2004, mas depois deixado de lado. Por esse projeto, a passagem sairia por 120 reais. Pode muitiplicar por 10 no mínimo.
CRONOGRAMA DO PROJETO
Uma dolorosa interrogação. sabe lá Deus quando...
Ontem foi realizado o leilão para a concessão. Fracasso. Nenhum grupo se apresentou na concorrência para entregarem seus envelopes com suas propostas. O evento ocorreu na Bolsa de Valores de São Paulo. Entretanto, apenas grupos que detêm tecnologia e que estavam interessadas em atuar como fornecedoras, estiveram na Bovespa para verificar se havia ou não interessados no empreendimento. Estavam por alí bicorando a francesa Alstom, japoneses da Mitsui e sul-coreanos, além de dois outros grupos que não quiseram se identificar.
Venceria o leilão quem oferecesse a menor tarifa para os serviços, a partir de uma tarifa-teto fixada em R$ 199,73.



Uma pitadinha de humor: Tem uma estória sobre empresas inglesas construindo ferrovias no nordeste, mais especificamente no Ceará. Quando os "branquelos de zóios azul" falavam a palavra bitola mantendo sua pronúncia, geraram o termo bem cearense de baitôla = viado...

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