Miriam e Eliezer Gonçalves na piscina do condomínio onde moram; imóvel foi comprado dentro do programa Minha Casa, Minha Vida
O programa em sua essência é de boa fé. Proporcionar condições adequadas de habitação aos que padecem de moradias em situação de risco ou deploráveis. Morar em encostas, áreas alagadiças ou sujeitas a catástrofes, pode, e deve, ser objeto de ação dos governantes na linha de propiciar dignidade aos cidadãos. Mas nada DADO e sim vendido; claro que em condições favoráveis; assim se valoriza ainda mais a ação dignificante.
Porém, na busca de aumentar sua ação politiqueira, o (des)governo aumentou os limites e tetos do programa, visando levar seus tentáculos mais avante.
De olho na nova classe média, principal responsável por impulsionar a atual demanda por imóveis residenciais no país, construtoras estão agregando diferenciais antes inexistentes nos empreendimentos populares.
Alguns "luxos" antes encontrados apenas em condomínios voltados para as classes A e B começam a fazer parte dos projetos que se enquadram no programa Minha Casa, Minha Vida.
De piscina, campo de futebol e quadras esportivas, nos projetos mais simples, até salas para "garage band", "home cinema" e academia, naqueles mais sofisticados.
A cereja do bolo, porém, é o apartamento dúplex, que já ganha espaço nos empreendimentos "populares".
Quando não são as coberturas, os opcionais estão presentes nos projetos voltados para a classe média. Em áreas de clima quente, como regiões litorâneas e no Nordeste, as piscinas viraram acessórios obrigatórios.
Já em São Paulo e Belo Horizonte, projetos contam com salas de música, academia e espaço gourmet.
Um facilitador para que projetos mais sofisticados pudessem ser incluídos no programa de habitação popular foi a elevação do teto de enquadramento, ocorrida em fevereiro deste ano.
O teto para imóveis nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal passou de R$ 130 mil para R$ 170 mil.
Em cidades com mais de 1 milhão de habitantes, o valor passou de R$ 130 mil para R$ 150 mil. Nos municípios que têm entre 250 mil e 1 milhão de habitantes, foi de R$ 100 mil a R$ 130 mil.
Já naqueles com entre 50 mil e 250 mil moradores, foi de R$ 80 mil para R$ 100 mil.
Escapando desse público, os projetos realmente populares vêm sendo destaque negativo país afora. Unidades entregues sem acabamento (reboco, cerâmicas e revestimentos, portas internas, etc); construídas em locais de antigas lixeiras, com falhas estruturais e sujeitas a desmoronamentos, usando mão de obra contratada em condições deploráveis e quase escrava; e mais um monte de coisas.
É lamentável que montanhas de dinheiro de impostos sejam empregados exclusivamente para fins eleitoreiros por inescrupulosos políticos e construtores.
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