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sábado, 4 de julho de 2015

45 Anos da Missa do Vaqueiro


Considerado o maior evento cultural dos Sertões, a Missa do Vaqueiro é conhecida por mesclar o sacro e o profano. Realizada anualmente sempre no quarto domingo do mês de julho, tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga: a de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. 
Reza a lenda que seu canto atraía o gado. Mas atraía também a inveja de seus colegas de profissão, fato atribuído a sua morte. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.
A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras, num hino de louvor para os vaqueiros nordestinos, que reproduzo aí em baixo.
A celebração começa com uma procissão de mai de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas, como chapéu de couro, chicotes e berrantes; ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre e no lugar da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, todos montados a cavalo.
Durante o evento, os visitantes assistem e participam de inúmeras atrações como vaquejada, pega de boi, exposição de artesanatos e shows de artistas regionais.
Pois este ano, quando completaria 45 anos; o evento pode não acontecer pelo corte de verbas do Governo do Estado para a Fundação Padre João Câncio, responsável pela produção.
A Empresa Pernambucana de Turismo - EMPETUR, alega não ter condições para as reformas necessárias para receber o público no Parque Estadual João Câncio, onde a Missa é celebrada e também onde acontecem os shows da parte profana da festa; que movimenta, além de Serrita, outras cidades próximas como Salgueiro, Exu, Parnamirim e Moreilândia.
De acordo com os organizadores do evento, a diminuição em 30% do montante de recursos repassados é até contornável, mas a completa falta de infraestrutura em um equipamento de responsabilidade da Secretaria de Turismo do Estado e da EMPETUR inviabilizam qualquer iniciativa.
“O pior é a falta de interesse, o desprezo. A EMPETUR chegou a recomendar o cancelamento do evento, sem buscar nenhuma alternativa para reverter essa situação”, diz Helena Câncio, coordenadora da Missa do Vaqueiro.
Mas podem ter certeza que deve ter caraminguás certinhos para produzir shows de artistas famosos puxa-sacos de governantes.
Mestre Luz deve revirar no túmulo pois muitas vezes ele é que bancou a cerimônia.

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