Sou um cara pequenino e franzino com modestos 1,65 m e 65 quilos. Portanto, ocupo pouco espaço nesse mundo de meu Deus. Compartilhar um banco de ônibus comigo é convite a conforto. Pelo menos para os outros. Normalmente nos horários em que embarco na saída de casa o buzão está vazio, pois moro mais próximo do ponto final. À tarde, no retorno, esta maravilha nem sempre se materializa. Ou melhor, quase nunca se realiza.
Agora imagine este cacique lendo as breaking news num smartphone enquanto vai pro trabalho, aproveitando o tempo prá se informar das novidades e fazer mais suave o trajeto.
Levanta um, senta outro; sons e cheiros proliferam, figuras se mostram e eis que se acomoda pachorramente a meu lado uma robusta criatura de Deus, impecavelmente vestida de branco, com enormes e roliços braços; e ocupa seu lado do assento e mais uns 30% do espaço que eu usava.
A essa altura do campeonato, o braço esquerdo que suportava o telefone já passou a se esconder por trás de meu corpo, na busca de sua nova condição de segurar o aparelho. Ao mesmo tempo, o tronco resignado já girava meio de lado numa vã tentativa de se acomodar à nova companhia.
Pela conversa com a colega no banco ao lado, nossa personagem era da área de enfermagem e, pelo ponto em que desceu, do Hospital Santa Júlia, um dos melhores da cidade.
Há pouco o espaço agasalhou um vigilante patrimonial, também grandão mas que se restringiu apenas à sua metade.
Há pouco o espaço agasalhou um vigilante patrimonial, também grandão mas que se restringiu apenas à sua metade.
Por que a Ana Nery tamanho GG não se sentava do mesmo modo?
Desisti de ler os jornais eletrônicos. Assim poderia manter o braço esquerdo sobre meu peito e lhe dar melhor apoio. O direito, folgadão, nem se atreveu a segurar o fone.
E o papo dela com a colega até que foi legal. Nem saiu sangue nem fatalidades de salas de emergência. Ah...E apenas ao cabo de umas 10 ou 12 paradas à frente ela já desceu. Trecho curto, mas muito aguardado.
Bem que poderia ser pior, caso tivesse que passar por sobre ela prá poder descer no meu destino.
Ficou o alerta: olho em quem vai sentar e já reservar um certo espaço no assento ao lado por medida preventiva.
3 comentários:
Oi nobre cacique,
Bela inauguração! O cotidiano os dá muitas chances de encontrar excelentes crônicas. Você não as perde, com certeza.
Grande Cacique! Não estou ironizando com a descrição que você apresentou, mas você é um gigante no talento e no bom-humor.
O problema da "Ana Nery tamanho GG" não é somente excesso de gostosura, é falta de bons modos, ou quem sabe simpatizou com o amigo.
Lembrei de um fato que aconteceu com minha madrinha.
Uma senhora robusta estava à sua frente na hora de passar por uma daquelas roletas antigas, aquelas que dava para as crianças passarem por baixo pra não pagar.
Passou com tanta força para não entalar que a roleta girou duas vezes.
O cobrador (ainda existia essa função) ficou aborrecido porque a passagem não paga sairia do seu bolso.
Minha madrinha, já era uma vovó na época, não se fez de rogada.
Miúda e ágil, pagou a sua passagem e passou por debaixo da roleta feito criança.
Ninguém entendeu nada, apenas o cobrador, até a senhora GG riu porque aquilo chamou a atenção de todos.
Mas fica a dúvida, como não percebeu a roleta girando duas vezes?
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