Tá legal...11/11/11 às 11:11 h seria o fim do mundo. Como estou aqui e vocês aí, não aconteceu; portanto, vida que segue, pelo menos até 21/12/12, a próxima data prevista pelos fatalistas.
Mas nesta Manô dos Mil Contrastes, ficou bem pertinho de acontecer.
Mas nesta Manô dos Mil Contrastes, ficou bem pertinho de acontecer.
Mais ou menos 08:50h caiu um temporil-que-putaqueparal. Chuva muito forte, ventos violentos, raios e trovões e, pobre tecnologia, queda dos serviços de energia elétrica e suas consequentes perdas (ainda que em alguns casos apenas parcial) de internet, telefonia fixa e celular, sinais de trânsito, bancos e fornecimento de água.
O vilão da moda no Brasil foi acionado. Um raio teria atingido uma das linhas de transmissão a partir da UHE Balbina, em Presidente Figueiredo, desencadeando um efeito dominó que foi desligando as usinas térmicas uma a uma e levando ao black out. Raios, sempre os raios.
O diretor de operações das empresas distribuidoras da ELETROBRAS (já retomo o tema), Raidyr Oliveira disse que a grande incidência de raios em Manaus foi uma das causas do problema. “Balbina é geração hidráulica, então, é o equilíbrio do sistema. Quando o raio atingiu a linha, o sistema de proteção atuou e isso tirou todo o sistema. A proteção é prá atuar mesmo, para evitar danos maiores e atuou, tirando todo o sistema de Manaus.”
O abastecimento começou imediatamente, mas até agora (08:45h) ainda existem muitas áreas que reclamam da falta de energia.
O diretor de operações das empresas distribuidoras da ELETROBRAS (já retomo o tema), Raidyr Oliveira disse que a grande incidência de raios em Manaus foi uma das causas do problema. “Balbina é geração hidráulica, então, é o equilíbrio do sistema. Quando o raio atingiu a linha, o sistema de proteção atuou e isso tirou todo o sistema. A proteção é prá atuar mesmo, para evitar danos maiores e atuou, tirando todo o sistema de Manaus.”
O abastecimento começou imediatamente, mas até agora (08:45h) ainda existem muitas áreas que reclamam da falta de energia.
Lare-lare à parte, comento:
1. Quedas de raio na Amazônia existem desde o Big Bang, portanto é uma falácia que não podem ser previstas. A proteção não é 100% perfeita, mas é possível SIM, se atenuar seus efeitos. Raios catastróficos, aqueles de ótima pontaria que derrubaram o sistema interligado Brasil afora, são raríssimos.
2. A Eletrobras reuniu em uma única empresa os seus sistemas de distribuição falidos, assumidos dos governos estaduais (AC, AM, RO, RR, AL, PI) e ainda estuda a incorporação de mais 4, mantidas "em sigilo comercial", mas que devem fazer parte de algum acordo espúrio de governadores da base alugada. Existe uma única diretoria para coordenar as ações de sistemas tão dispares como os que se cita aqui. É como juntar num mesmo balaio bananas e amoras. Exceto prá salada de frutas, não se prestam a conviver. E mesmo assim teriam prazo de validade. É absolutamente impossível se "tocar" sistemas tão diferentes e com tão distintas necessidades e peculiaridades.
3. Com só têm uma diretoria (5 membros) nem por rodízio é possível que estes diretores estejam pelo menos, uma semana por mês em cada uma delas. Isso SE eles fossem e SE ficassem uma semana inteira fora da sede no Rio de Janeiro, onde existem inúmeras atividades que requerem suas presenças centralizadas.
4. Antes que venham dizer que "isso é do governo FHC", É SIM. As empresas foram absorvidas para serem agrupadas em conjuntos similares e economicamente viáveis para serem privatizadas. Mas os petralhas ganharam a eleição com o 9 dedos e abnegaram o processo, como sempre; ficando esse monstro que aí está e que parece vai aumentar suas melenas de Hidra.
5. Colocar uma diretoria com autonomia em cada uma, seria a solução de estalar de dedos. Ou seja, pelo menos 30 novos cargos diretos (não errei a conta, tem a diretoria central) e dezenas indiretos no colo da corja. De fazer babar até os monges do Tibet. Comenta-se nas cocheiras, que até dona deelma já falou, ainda sinistra das minas e energia, que deveria se dar prosseguimento à "concessão" das operações (privatizar é palavrão, lembrem-se, e portanto, não posso escrever aqui).
6. Especificamente no caso de Manaus. O suprimento é feito pela UHE Balbina, auxiliada por usinas térmicas localizadas dentro ou muito próximas da área urbana, interligadas por um complexo sistema de linhas de sub-transmissão. As potências instaladas estão da ordem de 70 a 120 MW por usina, para uma ponta de carga em torno de 1.200 MW.
7. Na boa engenharia, chama-se de "Barra Infinita" um sistema em que a tensão (voltagem, no popular) e frequência são constantes. Ou seja, perturbações externas (raios, por exemplo) ou internas (desligamentos de unidades) não afetam a estabilidade do sistema ou são por ele absorvidas. tem uma porrada de equações cheia de integrais, derivadas parciais, operadores vetoriais etc, para estudar e explicar isso. Mas, em resumo, perder uma usina qualquer que representa 10% do total do equilíbrio oferta X demanda de energia etá MUUUUUUITO longe de ser barra infinita.
8. Aí entra a Seletividade da Proteção. Os relés atuam e desligam cargas de menor prioridade para preservar a estabilidade do sistema. É complexo, mas temos no Brasil excelentes profissionais na área; bem formados e bem treinados. Porém, mal valorizados, sem estrutura de trabalho e cujos projetos de engenharia são substituidos por contratações que visam apenas taxas de sucesso.
9. Sob o comando central de um Edison Lobão, sob as ordens de José de Ribamar, a solução do problema não está nem perto de acontecer. à holding Eletrobras, deveria caber as diretrizes do planejamento central dos sistemas elétricos, como acontecia nos tempos do GCPS - Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas, orgão da própria Eletrobras que geria o conjunto dos sistemas sem interferir na autonomia executiva das empresas. Alí se sabia tudo o que as geradoras, transmissoras e distribuidoras "pensavam" de seus sistemas pelos próximos 20 anos, ou mais, dependendo de sua importância no contexto nacional. E funcionava. Garanto; porque durante anos participei do grupo, no nível regional e nacional. Muitas dessas grandes obras "vendidas" pelos petralhas como tendo saído da cartola deles estão no papel desde 1980, quando entrei nessa brincadeira de ser engenheiro.
4 comentários:
Instrutivo. Agora, que foto bacana!
Instrutivo. Agora, que foto bacana!
Quanta falta faz um profissional gabaritado nestas usinas!!!!!
É isso aí mestre.
Mas,Essa foto, é de uma tromba d água. #Cruzes!!!
A foto peguei num jornal local que não identificava o fotógrafo. Como vi todos, não me lembro de qual peguei e não consegui voltar a identificar. Prá quem me conhece, sabe que eu sempre apresento o autor do que não é de minha autoria. Portanto, minhas desculpas ao autor por não nomeá-lo aqui. Mas os aplausos são somente seus. Clap, Clap, Clap.
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