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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Que Fazer com Um R$ Itaquerão

Baseado em Informações de VEJA


Pois é. Poderiam ser 400 unidades de educação infantil, 100 escolas técnicas, mais de 40 quilômetros de corredores de ônibus, 16 hospitais bem equipados, 1.400 pistas profissionais de atletismo, 820 aparelhos de Raio X de última geração, ou 10.500 casas populares. Será um estádio de futebol de merda, para agradar os eleitores.
Mas nada, digo NADA disso vai sair porque depois de passarem meses garantindo que não haveria um centavo de dinheiro público em estádios para a Copa do Mundo de 2014, foi essa a decisão do prefeito e do governador de São Paulo. Juntos, resolveram brindar a Odebrecht e o Corinthians com 510 milhões de reais. Como o custo total da obra é estimado em 890 milhões de reais, cada uma das 68 mil cadeiras do Itaquerão (ou PAGUEM LESÕES, como sempre será conhecido o estádio do Corinthians) custará 13.088,23 reais, o maior valor de todos os tempos em qualquer lugar do planeta.
Na VEJA tem um relato de um cidadão chamado Anilton Darci Ribeiro nascido em Itaquera, e cuja casa fica a dois quilômetros do local do futuro estádio lulástico. Homem de "posses", sua casa tem dois quartos, cozinha, sala, banheiro, área de serviço e um riacho de esgoto a céu aberto que corre no quintal. A prefeitura alega que não tem dinheiro para a canalização. Mas para a poha dos incentivos fiscais tem.
Tem a declaração de dona Diana do Nascimento que chegou do Ceará e instalou-se na Favela da Paz, ocupada por 400 famílias a menos de um quilômetro do estádio. Ali, as casas são de papelão, as instalações elétricas são clandestinas e o crack extermina um adolescente por semana. No projeto do Polo Institucional Itaquera, plano urbanístico que teve suas diretrizes aprovadas em agosto de 2008, está previsto que o Parque Linear Rio Verde será construído dentro do terreno onde hoje está a casa de Diana. Ela nunca ouviu falar disso. Tampouco recebeu a visita de um agente de saúde, de um assistente social, nem de funcionários do governo. O que mais queria era a instalação de um semáforo na Avenida Miguel Inácio Curi para que seus filhos chegassem à escola com segurança. Há um mês, pintaram uma faixa de pedestres que os carros insistem em não respeitar.
Dos 890 milhões de reais destinados à construção da arena, 400 milhões de reais serão emprestados pelo BNDES, com juros subsidiados, E MUITO. Outros 420 milhões de reais virão da prefeitura e, 70 milhões de reais, serão destinados pelo governo do estado a uma arquibancada móvel de 20 mil lugares, que permitirá ao Itaquerão comportar um público de 68 mil pessoas – como exige a FIFA para estádios que almejam sediar a abertura da Copa. Embora maquiados por nomes como “Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento” e “isenção fiscal”, toda essa bolada tem a mesma fonte: o dinheiro público.
Os 39 canalhas vereadores que aprovaram o donativo ao Itaquerão, argimentam que "é toda a Zona Leste que vai ganhar com o estádio”. Os 15 contrários ao Projeto de Lei 288/2011 têm dúvidas a respeito. “Em 2004, aprovamos o Programa de Desenvolvimento Econômico da Zona Leste e ele ainda não saiu do papel”.


Não aceito Nem fud***** que o dinheiro público seja investido em um empreendimento exclusivamente privado. Nada garante que esses 420 milhões de reais resultarão em incentivos para aquela região. Com esse dinheiro, seria possível construir centenas de creches que atenderiam as crianças, Assistências Médicas, hospital municipal, escolas municipais de ensino fundamental, parques, escolas municipais de educação infantil, Unidades de Básicas de Saúde e uma porrada de outras coisas. Pode ser pouco e estar muito longe do ideal, mas por essa grana enorme NUMA POHA DE UM ESTÁDIO É CRIMINOSO.
A forma como foi feita a negociação entre o poder público, a Odebrecht e o Corinthians, gerou duas ações no Ministério Público de São Paulo. A primeira investiga se, ao conceder isenção fiscal de R$ 420 milhões de reais para a construção de um estádio privado, a prefeitura estaria cometendo improbidade administrativa. A segunda está sendo analisada pelo promotor de Habitação e Urbanismo José Carlos de Freitas. Ele quer saber quais os reais impactos sociais que a construção vai causar na região e descobrir por que a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb) concedeu licença ambiental à obra sem exigir, segundo o promotor, “um profundo estudo de impacto ambiental”.

Embora céticos, os moradores de Itaquera tentam acreditar que o poder público não vai desperdiçar mais essa oportunidade de investir numa área da periferia da cidade. O poder público quer manter essa confiança, para evidenciar sua merda de prefeito Jilberto Kassab, o JK.
Pelo menos a especulação imobiliária já começou. Uma das imobiliárias mais antigas de Itaquera, conta que os apartamentos da Cohab – localizados bem ao lado de onde será erguido o estádio –, antes vendidos a 95.000 reais, agora estão custando 135.000 reais. Casas em condomínios fechados avaliadas em 150.000 reais subiram para 230.000 reais. “O problema é que a renda da população ainda não acompanhou a valorização”, observa Cláudia. “Por isso as vendas diminuíram bastante nos últimos meses”.

2 comentários:

Marineide Dan Ribeiro disse...

Sou suspeita para opinar sobre este assunto, pois, não gosto de futebol...
Não gosto da alienação do povo por este esporte...Alienação que cega e não deixa ver todas as falcatruas que ele carrega...Abomino esse desperdício todo e, espero que um dia o povo acorde para a realidade!

Rose disse...

Triste constatar que corremos o risco de ser linchados se criticarmos esse absurdo no meio do pessoal de Itaquera.
Lá o que vale é o oba-oba, o prefeito e o governador estariam condenados a encerrar a carreira política se não cedessem à pressão do governo federal. Os amestrados do PT certamente quebrariam a cidade.
Portanto, peço perdão pelo choque de realidade, mas que se lasquem.