Read In Your Own Language

domingo, 24 de julho de 2011

A Certeza de uma Falsa Superioridade

Com Informações da Folha de São Paulo


Em meio a tanta coisa que circulou na imprensa, nos blogs e nas redes sociais nesses dias, quase passa despercebido um atentado contra a isenção que se requer de um magistrado. Se um juiz receber favor de quem quer que seja, já é um fato prá lá de suspeito, o que se dirá de um ministro da suprema corte do país?
O maior argumento para a defesa dos altos salários e outras vantagens sempre recebidos pelos membros do poder judiciário, sempre foi a necessidade de "manter um padrão de vida compatível com o cargo, sem precisar de favores".
Mas não foi assim que pensou e agiu o ministro do STF José Antonio Dias Toffoli, que faltou a um julgamento na corte para comparecer na cerimônia de casamento do advogado criminalista Roberto Podval, umildemente realizada em Capri, paradisíaca e caríssima ilha italiana.
As bodas foram de grande estilo, num chiquê de fazer inveja a principes (embora com componentes de gosto duvidoso e excessos perfeitamente dispensáveis).A reportagem da Folha dá conta que foi oferecida aos 200 convidados, dois dias de hospedagem no Capri Palace Hotel, um SPA cinco estrelas cujas diárias variam de R$ 1,4 mil a R$ 13,3 mil; e que estava incluso no pacote-convite a recepção na chegada, trâmites de reserva, deslocamento na Itália via trem ou ferrys, check-in e diversos detalhes para que "se sentissem em casa".
Comentam as marocas que cabeleireiros e maquiadores foram levados do Brasil e que cabia na conta alguns mimos como champanhe, frutas e brindes nos apartamentos.

Os noivos contrataram um show do cantor romântico italiano Peppino di Capri, conhecido pela canção "Champagne", sucesso nos anos 70.

Como manda o figurino (o da corja e não dos convidados), a assessoria de Toffoli informou que a viagem do ministro foi de caráter estritamente particular e que ele se reserva o direito de não fazer qualquer comentário sobre seus compromissos privados, declarando apenas que ele arcou com suas despesas da viagem.

Sua inçelença estava em boa companhia pois constava na comitiva um desembargador (Marco Nahum disse que é amigo de Podval "há mais de 20 anos" e não viu problema em viajar para o casamento), a recém-condenada Denise Abreu (ex-ANAC e sua cliente) e Antônio Carlos de Oliveira Castro, o Kakay; advogado de estrelas enroladas e chapíssima de Jay Dee, o consultor de empresas José Dirceu.
Mas prá que isenção né caboco? No STF, Toffoli é relator de dois processos nos quais Podval atua como defensor dos réuse já atuou em pelo menos outros dois casos de clientes de Podval, sem nem de longe se declarar impedido, o que seria no mínimo moralmente recomendado.
Um dos criminalistas mais requisitados de São Paulo, Podval é defensor de Sérgio Gomes da Silva, acusado de matar o prefeito petista Celso Daniel; do petista Marcelo Sereno; do casal Nardoni, condenado por matar a filha.
Com uma indicação e nomeação no STF prá lá de contestada, Toffoli teve a pesar em seu curriculum na hora de demonstrar notório saber, ter sido adEvogado das campanhas de loola e do PT e Procurador geral da república no primeiro mandato do EX.

Agora que virou "imortal" das leis, tem certeza de poder fazer o que quer, certamente pelos exemplos adquiridos de outros ministros mas antigos na casa e/ou mais idosos.

Melhor que a reportagem postada na folha on line e vendida nas ruas, foi a imagem comentada que recebi por e-mail e que se segue. Não posso citar seu louvável autor pois dele não tenho autorização, mas ficou genial.
É seu Toffoli. Como o senhor é novo, vamos assistir ainda muitos festivais de prepotência e arrogância de vossa excelência.

POST CORRELATO: Toga justa de ministro do STF que participou de concorrido casamento de advogado em ilha da Itália em UchoInfo

Um comentário:

Regina Brasilia disse...

‎"A Justiça não admite coisas desse tipo [a teatralidade de uma vaidade maior do que o nomral]; ela exige isolamento, admite mais a tristeza do que a raiva, e pede a mais cautelosa abstinência diante de todos os prazeres de estar sob a luz dos refletores." Hannah Arendt, em Eichmann em Jerusalém

As lições dos grandes escritores, das boas obras do mundo, não servem para aquela gente. Desde que abriram mão de seu conjunto de valores, não faz a menor diferença. As boas leituras só são úteis para nós, mesmo. Bom dia, Cacique! Seu blog é uma das boas leituras.