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terça-feira, 14 de junho de 2011

Plano Decenal de Energia: Caos à Vista


Por Luciano Costa
Caos a vista. O Plano Decenal de Energia 2020 admite que termelétricas serão cada vez mais acionadas para atender à demanda
A demanda por energia elétrica no País chegará a um crescimento acumulado de 140% entre 2002 e 2020, conforme as previsões do Plano Decenal de Energia (PDE), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão do Ministério de Minas e Energia. No mesmo período, porém, o crescimento da energia armazenável máxima no sistema elétrico - a capacidade de regularização baseada na água que pode ser guardada no reservatório das hidrelétricas - terá se uma expansão de apenas 30%.
A evolução da energia armazenável em relação à carga de energia cairá em todos os subsistemas até 2020. Segundo os dados da EPE, esse indicador terá "forte redução" principalmente nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e no Nordeste. Norte e Sul também terão quedas, embora em menor intensidade.
A mudança no panorama do setor não está associada à falta de investimentos ou à falta de novas hidrelétricas. Entre 2011 e 2020, o governo prevê a construção de 32.000MW em novas usinas hídricas de grande porte, o que representará um aumento de 39% na capacidade instalada da fonte no País. Apesar disso, a capacidade de armazenamento não evoluirá no mesmo ritmo, e ficará somente 6% maior. "Grande parte das usinas viabilizadas recentemente deve operar a fio d´agua, ou seja, toda vazão afluente deve ser turbinada ou vertida, não havendo condições de armazená-la", explica a EPE no Plano Decenal.
De acordo com o órgão, essa perspectiva, causada pelas dificuldades cada vez maiores para licenciamento ambiental de hidrelétricas, gerará consequências para o sistema. Entre os pontos esperados pela EPE estão a impossibilidade do controle de cheias, um maior acionamento das usinas já existentes e com reservatórios maiores, grandes alterações no nível de armazenamento ao longo de curtos ciclos e, finalmente, "maior despacho térmico para atender às exigências sazonais da carga".
Dentro dessa perspectiva, a EPE destaca também a importância da hidrelétrica de Belo Monte (11.233MW), prevista para iniciar a geração em 2015. Para o órgão, a usina, com elevadas dimensões, será capaz de, durante o período úmido em sua região, "atender diversas regiões, contribuindo para a preservação dos níveis dos reservatórios em valores mais elevados".
A idéia é que o subsistema Sudeste/Centro-Oeste seja o principal beneficiado, uma vez que, com sua grande capacidade de armazenamento, poderá economizar água durante o período de chuvas para atendimento à carga no período seco. Esse comportamento mudará a máxima geração hidráulica controlável dessa região, que passará dos meses de fevereiro a março para o período entre setembro e outubro.

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