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sábado, 7 de abril de 2012

O Testamento de Judas

Um ritual tradicional no Brasil é a malhação do Judas. A brincadeira chegou ao país junto com a colonização portuguesa e representa o julgamento popular de Judas Iscariotes, o traídor de Jesus, aquele que o entregou ao Sinédrio, conselho supremo e representação dos judeus perante os romanos, em troca de dinheiro.
Por conta desse episódio relatado no Novo Testamento, as populações seguidoras da fé católica adotaram o ritual de na semana da Paixão de Cristo fazer simbolicamente o julgamento, a condenação e a execução de Judas, o traidor. Na tradição popular, antes da “execução” dele, é lido o "testamento" de Judas, que escrito em versos é colocado no bolso do boneco e traz sátiras às pessoas e a fatos locais.
Sem mais delongas, Vamos ao testamento do traira...

Nesta Páscoa do Senhor,
Vamos já anunciar.
Testamento do traira,
Que vamos defenestrar.
Deixando para os que vivem,
O que pode se salvar.

Pr'aquele que falta um dedo,
Deixo com muito carinho.
Pedacinho da minha mão,
Da esquerda o mindinho.

Prá atual governANTA,
Eu não posso esquecer.
Deixo a minha vassoura,
Prá faxina ela fazer.

Pro ômi lá do senado,
Sempre dono do lugar.
Deixo um rolo de fita,
Prá de múmia se enrolar.

Pro outro Ômi da Câmara,
Deixo cá e não me Avexo,
Um bocado de concreto,
Pro novo prédio do anexo.

Pro ministério da pesca,
Onde todos tem malícia.
Deixo uma lancha novinha,
Mais um caso de polícia.

Pro PT lá de São Paulo,
Deixo com muita atenção.
Uma cartilha de gay,
Prá ganhar a eleição.

Bem daqui na minha taba,
Não poderia faltar.
O Braguinha novo líder,
Que babador vai ganhar.

Pro outro Eduardo, O Campos,
Que Pernambuco governa.
Deixo a aula de capoeira,
Pr'ele saber passar perna.

Lá prá Bahia do Wagner,
Deixo um livro de cordel.
Prá que no final do ano,
Saiba enganar o Geddel.

Prá Barbie do Paraguai,
Junto com seu maridão.
Deixo meu cartão Smiles,
Prá não alugar avião.

Pro margarina meu nêgo,
Prá somar a inflação.
Deixo uma calculadora,
Que cabe até um trilhão.

Do Ômi da educação,
Não poderia esquecer
Para o dotô Mercadante,
Um diploma prá valer.

Não esqueço a Graciosa,
A quem cabe perfurar.
Deixo uma broca bem grande,
Prá no fundo ela enfiar.

Lá prá terra dos Pinhais,
Deixo a alimentação.
Um pacote de mamona,
Pro senador Requião.

Pro meu amigo Agnelo,
O trovador não se esquiva.
Deixo a grande gorjeta,
Do contratinho da ANVISA.

Pro meu amigo Dedé,
Senador que fez besteira.
Deixo aqui meu colete,
Prá nadar na cachoeira.

Para todos os vizinhos,
Da América excremento.
Deixo um monte de contrato,
Do banco lá do fomento.

Pro meu querido Padilha,
Da Saúde encarregado.
Deixo um dotô lá de Cuba,
Prá ele ficar curado.

Prá Maria do Rosário,
Lá dos direitos humanos.
Deixo um pacote de férias,
Num SPA que é cubano.

Dona Holanda da cultura,
Amarga que nem giló.
Deixo um monte de CD,
Do grande Marcelo Teló.

Naquela grande prisão,
Bem no meio do Brasil.
Deixo paga uma estação,
Pros "ministro que caiu".

Deixo prá Corte maior,
Onde só tem indicado.
Especial pro seu Toffoli,
Manual de advogado.

Pro ministro Luis Fux,
Fica o Livro Alcorão.
Prá ser firme decidindo,
Não mudar de opinião.

Muita coisa eu deixaria,
Tenho muito que doar.
Mas só são 30 dinheiros,
Para todos agradar.

Perdoem os que esqueço,
Coisa muito infantil.
São sempre muitos safados,
Que ainda tem pelo Brasil.

3 comentários:

Rose disse...

Cacique, o Brasil precisa saber desse testamento - De Judas para os Judas brasileiros.

Anônimo disse...

G E N I A L!!!!
Meu BOSS, já disse e ratifico aqui: seus cordeis são uma aula de história do Brasil. Temos - e já me meto nisso como admirador de seus textos - de guardar eles todos para a publicação de um livro.

Uma cordial afagada desse asno que é seu fã.

@Filonescio

opcao_zili disse...

Excelente.Esse sim é que deveria ser "registrado em cartório" porque é verdadeiro.Tudo o que acontece, atualmente, é consequência do governo desse ex enganador.