Com informações do Estado de São Paulo
O tema é recorrente, mas quero dar uma nova abordagem.
Ao sul do Trópico de Capricórnio, uma permanentemente enlutada Cristina Kirchner, apresenta uma versão sofrida mas dedicada ao povo portenho, com o mesmo afinco que fazia sua compatriota Eva Martinez de Peron.
A face transtornada pela profunda tristeza e pela toxina botulínica, reflete uma permanente missão de se martirizar por seu povo.
Ao se apresentar como redentora ao retomar da espanhola REPSOL o controle da YPF, por se tratar de setor de "interesse público e nacional", invocou os trabalhadores argentinos da empresa (não os executivos espanhóis, a quem foi ordenado desocupar a moita em 15 minutos) a "Ajudá-la a reconstruir essa grande empresa, que volta a ser nossa". Mas nada falou sobre os restantes 25% que estão nas mãos de milionários investidores locais, contumazes financiadores de campanhas. Com esses ninguém mexe.
Na visão do historiador argentino Luis Alberto Romero, autor de História Contemporânea da Argentina (Zahar, 2006), o fato apresenta boas oportunidades para se entender a Argentina deste terceiro mandato presidencial da dinastia Kirchner - o segundo de Cristina. Para ele, a tomada da YPF esconde de tudo um pouco: corrupção, incompetência do governo e mais uma tentativa de se resgatar o nacionalismo argentino. Ou seja, apenas uma cortina de fumaça. Romero acha que, assim como Kassab, a presidente não é de esquerda nem de direita nem de centro e apenas quer se perpetuar no poder, a exemplo dos demais vizinhos e do bolivarianos locais.
Se por lá o exacerbado nacionalismo necessitou se manifestar violentamente através da YPF, posto que os limites de controle do massacrado povo argentino já estavam beirando o caos, pela galopante e mascarada inflação e estagnação, por aqui ainda resta o mito dos 9 dedos que venceu a morte assim como um messias metalúrgico.
Sua criatura bate recordes de popularidade e aprovação, recebe honras e louvores até "duzianques" que julgam o Brasil o baluarte da luta contra a corrupção, mesmo pipocando nos quatro quadrantes da nação escândalos de Alfa a Ômega do alfabeto, com um Delta no meio.
Entonces, por enquanto, nada devem temer montadoras, petroleiras ou outras multinacionais, pois o máximo que se fará é aumentar o imposto de importação, ou as tributações sobre capitais.
Bastará um eloquante, inflamado e emocionado discurso do ungido de deus sobre uma carroceria de caminhão para se conduzir a manada em direção às urnas sacramentadoras.
Bastará um eloquante, inflamado e emocionado discurso do ungido de deus sobre uma carroceria de caminhão para se conduzir a manada em direção às urnas sacramentadoras.
Utilizar cortinas de fumaça é um estratagema conhecido de todos os governos. Por lá, eles talvez estejam colocando as mãos naquilo que acreditam ser um saco de dinheiro para cobrir o crescente déficit fiscal.
Por aqui, basta falar de préçau, copa do mundo, carnaval e bolsa-família e tudo se resolve.
É claro que nacionalizações facilitam o uso político de cargos e, por causa disso, as empresas acabam perdendo produtividade e competitividade.
É claro que nacionalizações facilitam o uso político de cargos e, por causa disso, as empresas acabam perdendo produtividade e competitividade.
Assim como nosso margarina, o ministro do comércio argentino só pensa nas contas daquele dia. Ouve-se, aqui e lá, que o governo esconde os reais índices de inflação e a queda fragorosa no ritmo do crescimento. E fora da economia, que problemas os países enfrentam?
De ambos os lados da fronteira, os governos que assumiram o controle de todos os meios e orgãos de poder, por convencimento, aluguel ou aparelhamento. E as oposições não conseguem encontrar uma forma de enfrentá-los. Junte-se a isso, cidadãos mal informados, incultos e facimente manipuláveis, fruto da indecência dos sistemas educacionais e do surto consumista da sociedade, que vive o dia e apoia um governo que acredita ser a melhor forma de evitar o caos provocado pelos invasores exploradores de riquezas e recursos da terra convocados por destruidores do patrimônio nacional por serem privatizantes.
Esquecem-se que seus telefones celulares já foram objeto de declaração de bens ao imposto de renda e que suas TV's de LCD já custaram mais que carros de luxo.
E sobre a já citada oposição? Acima e abaixo do risco da fronteira, vai muito mal. Não consegue enfrentar governos que dispõem, até agora, de uma grande quantidade de dinheiro para fazer populismo e que sabem usar essa ferramenta como ninguém. Não sabem como se opor a coisas que, aparentemente, são dignas de apoio, mas que na prática são ruins. Caem na encruzilhada de não ousar dizer o que tem que ser dito, pois temem ser acusadas de pouco patriotismo, ou pior, entreguismo; rumo certo ao inferno político.
Por lá, Cristina já enfrentou agricultores e a mídia. Por aqui, deelma se bate com os grandes produtores rurais por conta do Código Florestal, mas dorme com os insanos destruidores do MST. E para a mídia, basta soltar os cachorros de guerra dos colunistas regiamente financiado por anúncios de estatais.
Os atuais governos só pensa em curtíssimo prazo. Uma inversão histórica. Caso de cá são as eleições municipais, onde se fará de tudo para fincar bandeira nos últimos redutos ainda disponíveis.
Assim como Cristina usa e abusa de evocações a nestor, com frases e expressões escolhidas a dedo como "ele me guia", "ele me ajuda", nossa governANTA se calca com eloquência gigantesca no seu criador. Agora mais forte ainda pós-cura milagrosa e milagreira. Ou vocês duvidam que logo surgirão casos de enfermos sarados por invocarem seu poderoso nome?
Os atuais governos só pensa em curtíssimo prazo. Uma inversão histórica. Caso de cá são as eleições municipais, onde se fará de tudo para fincar bandeira nos últimos redutos ainda disponíveis.
Assim como Cristina usa e abusa de evocações a nestor, com frases e expressões escolhidas a dedo como "ele me guia", "ele me ajuda", nossa governANTA se calca com eloquência gigantesca no seu criador. Agora mais forte ainda pós-cura milagrosa e milagreira. Ou vocês duvidam que logo surgirão casos de enfermos sarados por invocarem seu poderoso nome?
Por lá se manifesta uma falsa ruptura com a Confederação Geral do Trabalho (a maior central sindical do país) e grupos empresariais. Por aqui temos o Paulinho da Força. Peraí, deixa eu ver se pus o cedilha, prá não fazerem mau uso de meu texto...Ah, pus sim.
Ë clássico na América Latina, o populismo se colocar acima dessa tola dicotomia direita X esquerda. Basta mandar e desmandar e pronto. A qualquer preço infelizmente.
Portanto, vejo enorme semelhança sobre o que ocorre do lado azul e branco com o lado verde-amarelo. Isso para me limitar apenas a essa fronteira. Se subir mais ao norte ou migrar no rumo dos Andes, veremos muitas mais.
Temo que assitamos novos circos de horrores por aqui. A ver...
2 comentários:
Estamos apenas começando, nobre cacique.
Excelente, erudito e abrangente análise do momento atual.
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