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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Cordelando 36: A Vergonha da USP

Uma coisa surreal,
Aconteceu na semana.
Estudante protestando,
Só pelo mato bacana.
Invadiram a Reitoria,
E fizeram um carnaval.
Riscando em todas paredes,
Que maconha era legal.

Começou no mês de maio,
Este fato inusitado.
Pois mataram um estudante
Lá no carro estacionado.
Completando então o ciclo,
De uma coisa marginal,
Bandido andando no campus,
O maior da capital.

Ali de tudo corria,
Assalto, roubo de carro.
Estupro, Curra e pó,
Além do maldito cigarro.
O Reitor só tinha pulso,
Na guarda universitária,
Pouco mais que vigilante,
Que não continha a gandaia.

Fez acordo com PM,
Que botou ordem na coisa.
Encheu rua de milico,
Tirou todos lá da moita.
Numa dessas vistorias,
Num carrinho bem suspeito,
Pegou lá uns baseados,
E prendeu todos sujeitos.

Acendeu o estopim,
Da turma do baseado.
Se prenderam esses três,
Vai sobrar pro nosso lado.
Cercaram lá os puliça,
Tentando evitar o flagra.
Era tanto do estudante,
Que parecia até praga.

Os PM não correram,
E chamaram o reforço.
Porrada prá todo lado,
Gás de pimenta, um colosso.
Levaram os 3 bandidos,
Pro lugar que não é mágico,
Na cadeia atendidos,
Ficharam eles por tráfico.

Os alunos invadiram,
O prédio da faculdade,
Tinha velho, tinha novo,
Tinha gente de toda idade
Poucos eram estudantes,
Como depois lá se viu,
Eram mesmo baderneiros,
Usuários do barril.

Cada pecinha tão rara,
Que dava nojo se ver,
Barbudinhos e barraqueiras,
Povo que não sabe ler.
Bastava olhar o cartaz,
Que tinha prá todo lado.
Escrito com tanto erro,
Aurélio ficou corado.

Fizeram uma assembléia,
Prá tomar a decisão.
Se saia ou se ficava,
Não teve aperto lá não.
Uma grande maioria,
Sabendo que era errado,
Votou prá irem prá casa,
Deixando aquilo de lado.

A turminha da pesada,
Não topou a decisão,
Invadiram Reitoria,
E causaram confusão.
Quebra-quebra do bem grande,
Porta, portal e portão,
Até câmera quebraram,
Prá não mostrar o bandidão.

Enquanto se discutia,
Se o pessoal sai não sai.
A juíza já dizia,
A PM vai atrás.
Marcando para segunda,
Reintegraçao de posse,
Pertinho da meia-noite,
Seja no limpo ou com tosse.

Seria só uma cena,
Igual tem em todo mundo.
Cerca, empurra e desocupa,
Tira de lá vagabundo.
Mas veio muita defesa,
Prá proteger marginal.
Dizendo que a PM,
Não podia dar com o pau.

Era tudo mauricinho,
Gente de muito dinheiro.
Vestindo roupa de grife,
Pensado estar num puteiro.
O exemplo que ficou,
Marcando alto e bom som,
Foi um tal manifestante,
Com GAP no moleton.

A mocinha escandalosa,
Que filmou a cena toda.
Parecia toda prosa,
Que soltou verbo da boca.
Se fazendo de coitada,
Com a câmera na mão,
Nem reparou que cheirava,
Pimenta em gás de montão.

Quando chegou no distrito,
Eram só 66.
Dos mais de oitenta mil,
Titica vejam vocês.
Preso, medido e fichado,
Inda causaram confusão.
Fazendo abaixo-assinado
Prá sair da punição.

Tentaram mais assembléia,
Pr'uma greve deflagrar.
Só juntaram 700,
Não deu nem prá começar.
O professor de história,
Que era grande defensor,
Não apareceu na luta,
E a coisa esfriou.

O importante desse fato,
Não se deve esquecer.
Estudante mundo todo,
Bota mesmo prá valer.
Sempre pelas boas causas,
No ensino melhoria.
Pela redução de preço,
Acabar com a carestia.

O fim da corrupção,
Vergonha em todo país.
Liberdade de expressão,
Dizer aquilo que quis.
Mas nunca por safadeza,
Nem por contra a repressão,
De liberar qualquer crime,
Em todo lugar da Nação.

Vejam que nem quis falar,
Do estudante a União.
Essa sumida há bom tempo,
Levada foi de roldão.
Pela grana que correu,
Deixando tudo impune,
Comprada pelo governo,
Pobre coitada da UNE.

5 comentários:

Sonia disse...

Se eu me propuser a comentar o incidente da USP vou escrever mais que o cordel, rsrs... então, acho que está descrita de forma brilhante toda a pouca vergonha que foi aquilo lá.
Parabéns, mais uma vez! É um presente maravilhoso a cada sexta-feira! =D

opcao_zili disse...

Oi nobre cacique,
Une não existe mais.Letras? esses pseudo-estudantes só conhecem uma > D de droga.Lutar por coisas que valham a pena, nem pensar.
Para que não sejam incomodados, deixam passar a qualidade do ensino ( q só facilita a vida atual dele), a corrupção. Coitado do Brasil que depende de profissionais formados atualmente.
Parabéns pelo cordel. Vc está cada dia melhor.

moimemei disse...

Cacique
O cordel informa toda a estória, tim tim por tim tim,resumindo de forma brilhante tudo o que aconteceu e li em tantos dias.
Parabéns,sempre !

Regina Brasilia disse...

Bri-lhan-te.

O Mascate disse...

Grande chefe, aqui estamos a espera do lançamento de um livro com os cordeis.

Congratulations.

Abraçobarrinek