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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Usina de Regulação Faz Outros Ganharem Muita Grana




Com informações da Folha de São Paulo, área de assinantes UOL/Folha.
A recente troca de diretores em Furnas Centrais Elétricas tem um fundo comercial pouco saliente a quem não é do setor elétrico. Fora superfaturamentos em obras e otras cositas más, existe uma gravíssima denúncia de que a empresa teria "viabilizado" na marra uma usina meia-boca a montante (o mais acima, no sentido em que o rio desce) para regular o volume de água no Rio São Marcos.

Usina de regulação significa aumentar a capacidade de armazenamento de água no sistema hidroelétrico para todas as usinas que ficam abaixo dela (jusante). Geralmente são as mais caras e difíceis de trabalhar e apresentam isoladamente a menor taxa de retorno do investimento.

Portanto, se a empresa tiver estudos de viabilidade malfeitos, obras que, por só só, já custam mais que o dobro do preço previsto, geram prejuízos imensos (no caso de Furnas, estimados em cerca de R$ 200 milhões).
As usinas de que trata a reportagem da Folha são as hidrelétricas de Batalha e Simplício. Em ambas, o TCU já apontou indícios de superfaturamento.
No estudo de viabilidade de Batalha, na divisa entre MG e GO, a obra estava orçada em R$ 460 milhões. Na licitação/contratação o valor pulou para R$ 868 milhões e, segundo dados da própria empresa, está em quase R$ 1 bilhão. Prá completar, a obra tem atraso de quase dois anos e ainda levará mais mais dois, com a ajuda de Santo Expedito das causas impossíveis. Nestas condições, a usina vai dar um prejuízo de, no mínimo, R$ 177 milhões, pelo cálculo mais recente das taxas de retorno que ela pode dar.
Batalha é uma típica usina reguladora. Ela fica na cabeceira do rio São Marcos. Abaixo desta usina foi construída uma outra, Serra do Facão, e há projeto para uma terceira. O reservatório de Batalha vai ajudar a dar mais água para essas usinas, que são 51% privadas e poderão, assim, gerar mais energia e lucrar mais.
O professor-diretor da COPPE, Luiz Pinguelli Rosa diz que "Batalha inunda muito, é pequena e absurdamente cara. Por si só, ela não se justifica. Furnas entra com o prejuízo para beneficiar uma empresa em que ela é minoritária". Em Simplício (divisa entre MG e RJ), a história não é diferente. O projeto, em valores atualizados, não passaria de R$ 1,2 bilhão. Os valores já estão em R$ 2,2 bilhões. Esse é na realidade um aproveitamento múltiplo, vinculado a uma outra UHE chamada ANTA (huuuum, lembrei de alguém).
A usina está atrasada e, segundo o TCU, há sobrepreços em contratos de pelo menos R$ 53 milhões. Nesse caso, o órgão determinou que Furnas cobre de volta valores pagos a mais.
A decisão de executar as obras de Batalha e Simplício com participação exclusiva de Furnas foi aprovada no conselho da empresa em dezembro de 2005.
Em função disso, dona deelma trocou meio mundo por lá. Acompanhemos o que ainda está por vir.

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