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domingo, 30 de janeiro de 2011

Fechando na Marreta

Essa é uma expressão muito comum nos meios contábeis. Refere-se a necessidades nem sempre ortodóxas de fazer valer as máximas do ramo segundo as quais as colunas de Ativo e Passivo dos balanços, ou Créditos e Débitos, têm que se equivaler.
Em 2010, o ministro margarina comandou uma operação "nem um pouco usual" de transações absolutamente contábeis entre o Tesouro, o BNDES e a Petrobras, para que o superávit primário do governo federal, que é economia feita para pagar juros e tentar manter em queda a dívida pública, somou R$ 78,9 bilhões em todo ano passado, o equivalente a 2,16% do Produto Interno Bruto (PIB) informou nesta sexta-feira (29) a Secretaria do Tesouro Nacional, sendo "cumpridas" as metas estabelecidas.
A ginástica não fez surgir uma única moeda de R$ 1,00 no mercado, atendo-se a troca de papeis e inscrições em livros aqui e acolá; mais ou menos assim:
Para cumprir a meta, o governo emitiu, no ano passado, R$ 42,92 bilhões em títulos públicos para pagar a sua parte da capitalização da empresa, e recebeu de volta, por conta do pagamento da cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo, R$ 74,8 bilhões da empresa estatal.
DESTACAMOS: Papel foi entregue à empresa e esta antecipou dividendos ao acionista governo devolvendo com um óleo que acha-se que exista a 10.000 metros de profundidade, para o qual não se tem tecnologia de extração e portanto não se define o custo de por no mercado; que por sinal caminha para diminuição de consumo e/ou substituição, num prazo tão longo como se prevê o pagamento pela negociação.
Com este óbvio artifício, "sobraram" R$ 31,9 bilhões para o superávit primário que seria muito mais baixo que a meta estabelecida para todo ano passado.
Na quinta-feira, o FMI liberou um relatório com comentários sobre a economia global, afirmando que o equilíbrio fiscal em países como Brasil, China e Índia estão mais fracos do que o previsto, ressaltando que a deterioração nas contas fiscais brasileiras é "particularmente pronunciada".
Para que tem um pouco de noção do que seja contas fiscais, é fácil de perceber o que ocorre.
Um enorme inchaço nos gastos públicos (aqui entendidos como despesas correntes, custeio, dinheiro aplicado em coisas não produtivas e não em investimentos) é notório e são divulgados a cada dia.
Cartões daqui, viagens absurdas dali, salários e aposentadorias d'acolá; gastos com propaganda, centenas de milhares de cargos arranjados, mordomias, representam bilhões que não se refletem em melhorias nas funções a que o estado se destina quais sejam: saúde, educação, segurança e infraestrutura.
Mas nosso nobre margarina diz que não. Afirma ele que "A previsão feita pelo Fundo Monetário está equivocada porque prevê um déficit nominal de 3,1 por cento para 2011, sendo que nos trabalhamos com um déficit nominal em torno de 1,8 por cento. Ou seja, quase a metade daquilo que está previsto".
E continua o ministro;"O relatório traz algumas informações equivocadas sobre o Brasil. Dizem que teve a deterioração da situação fiscal do Brasil. Isso é um equívoco. Olhando o resultado (das contas do governo central, divulgados na manhã desta sexta-feira 28) nós estamos tendo uma melhoria fiscal', afirmou o ministro.
"O diretor-gerente deve ter saído de férias e algum daqueles velhos ortodoxos escreveu essas bobagens sobre o Brasil", acrescentou. "O diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Khan já havia sugerido que o fizemos. Esse é um relatório não muito importante e isso não reflete a opinião do Dominique, que não deve nem ter lido esse papel. O FMI tem hoje um staff de primeira linha, mudou sua filosofia em relação ao ano passado, não são mais aqueles conservadores empedernidos do passado. Isso foi um lapso de algum técnico que, durante as férias de outros técnicos, foi lá e escreveu essa conclusão apressada", avaliou o ministro.
Considerando a arrogância com que o time que aí está trata as relações com o Fundo, chegando a cantar em verso e prosa que "pagou as dívidas que haviam desde Pedro Álvares Cabral", trocando dinheiro barato internacional por débitos em moeda nacional 3 ou 4 vezes mais caros não se pode esperar coisa diferente.
O fato é que, o mesmo ministro e dona deelma já anunciaram aos quatro ventos que será necessário cortar R$ 60 bilhões no orçamento 2011; só prá começar a conversa.
A ver.

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