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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Cordelando 25: Bandidos de Toga

Tem coisas que são estranhas,
Só ocorrem no Brasil.
A juíza que falou,
Coisa que nunca se ouviu.
Mexendo na caixa preta,
Aquecendo o imaginário.
Acendeu uma fogueira,
No poder judiciário.

A doutora é togada,
Na corte superior.
E por causa desse cargo,
Pro conselho ela entrou.
Pensando em procurar,
Os malfeitos dos dotô.
Que pelo Brasil afora,
Nas juntas fazem cocô.

O Conselho foi criado,
Pela emenda federal.
Prá poder botar os olhos,
Em quem nunca foi igual.
Os juízes que nas cortes,
Ninguém sabia o que fez.
De repente têm que dar,
Satisfação a vocês.

E saíram os auditores,
Norte e sul desse país.
Descobrindo coisa errada,
Que ardia até nariz.
O processo adormecido,
Ou da página que sumiu.
Juiz não julgava nada,
Apareceu no Brasil.

Foram feitas varreduras,
Em tudo que foi instância.
Na primeira, na segunda,
Em todas deu variança.
Tinha coisa tão antiga,
Do tempo de seu Cabral,
Pegando tudo que é vara,
Viu todo tipo de mal.

Teve gente que sabia,
Como era bom julgar.
Pro lado que tinha grana,
A pontinha ia ganhar.
O conselho foi marcando,
Todo erro que ele via,
E punindo os culpados,
Sem pena nem valentia.

Essa parte causou queixa,
Nos homem que veste negro.
Ninguém nunca que buliu,
Nas coisa que era segredo.
Pareceu que todos eles,
Desde os tempos de Dom João.
Só ficavam enrolando,
Não julgavam nada não.

E lá no tal do Conselho,
Tinha uma parte danada.
Bem na corregedoria,
Uma juíza arretada.
Que começou a mexer,
Nos montes de documento.
E descobriu escondido,
Cobra, lagarto e jumento.

A Doutora Eliana,
De tanto que futricou.
Incomodou tanta gente,
Que o Supremo acordou.
Hoje começa por baixo,
Primeira e segunda linha.
Espera mais um pouquinho,
Que logo chega na minha.

Tá certo que teve corte,
Que a mulher não foi lá não.
No tribunal de São Paulo,
Não lhe deram brecha não.

Acontece que ela disse,
Que não conseguiu entrar,
Pois quem manda no Supremo,
Bem antes veio de lá.
E dentro daquelas portas,
Por mais que ela desse esporro,
Só ia investigar,
Se Garcia pegasse Zorro.

Apareceu no pedaço,
Uma associação.
Que ajuntava os Dotô.
Na mesma organização.
A tal de AMB,
De repente fez fuxico,
E correu lá no Supremo,
Prá fazer o mexerico.

Disse que era ilegal,
Julgamento tão em voga.
Depois que a mulher falou,
Que tinha bandido de toga.
Por mais que ela dissesse,
Que não era todo mundo,
Arrumaram uma quizomba,
E levantaram o defunto.

O que quer a alta corte,
Depois do caso instalado.
Só quem julga o Juiz,
É o Juiz do seu lado.
Se ele for seu amigo,
Por mais que tenha respeito,
O que se deve pensar,
É que ele é suspeito.

E assim segue a história,
Como sempre já se viu.
Não tem quem respeite o povo,
Muito menos o Brasil.
Não se corre atrás do erro,
Não se pune a maldade.
E com a benção da corte,
Viva a Impunidade.


O que se vai decidir,

Ainda não resolveu.

Na sessão que teve ontem,

O Supremo arrefeceu.

Pois teve gente gritando,

Ponta a ponta do Brasil.

Se tiver impunidade,

Vá prá potaquepareo.

3 comentários:

Jaba disse...

Muito bom, muito bom mesmo.
Com sua permissão, vou passar o Cordel lá para o blog.
Recentemente criei outro, de nome Contraponto-Respeito e Honra, que se ocupará, exclusivamente, da insidiosa comissão da verdade.
Quando puderes, passe por lá, deixando sua opinião sobre o blog e o projeto.
Eis o link: http://wwwjabanews.blogspot.com/

Abs,

CHUMBOGROSSO disse...

Amigo, Ajurucaba

Humor ferino, fino e contundente.
Orgulho-me da sua "proximidade".
Um talento a serviço da "verdadeira Democracia" que há de se instalar um dia no Brasil.
No momento ainda somos "colônia". Mas colônia de bactérias cidadãs.

opcao_zili disse...

Como seria bom uma Eliana Calmon no senado e na câmara!!!!!!!
Ainda chegamos lá.
AH!, antes que me esqueça, do outro lado da rua também.Aqueles andares do Planalto Central iriam tremer sem terremoto. rsss. Arrebentou!