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terça-feira, 5 de abril de 2011

Prá Que Lado Segue a VALE?


Os acionistas-controladores da Valepar (Litel, Bradespar, BNDESPar, Mitsui e Elétron) concluiram as deliberações para a decisão sobre a substituição do comando global da VALE e informaram pública e formalmente a escolha do administrador Murilo Pinto Ferreira, 58 anos, para o cargo de diretor-presidente da empresa, conforme prevê a legislação da Comissão de Valores Mobiliários que rege as empresas de capital aberto, caso da VALE.

Resta ainda a formalidade da aprovação de seu nome pelo Conselho de Administração do Grupo, o que deve ocorrer numa reunião a se realizar em 22/04 próximo, seguindo as normas e o Estatuto da Valepar.

Já haviámos postado AQUI e AQUI, sobre a decisão de demitir um presidente que fez com que o lucro da Vale aumentasse 903% em dez anos. Em nossa opinião, as coisas vão muito além da capacidade técnica ou administrativa e só pode ser compreendida à luz de outros fatos que vão além do que se parece lógico e objetivo.

A saída de Agnelli foi tramada nos bastidores uma vez que vários membros do governo pressionaram o grupo controlador desde o final do (des)governo do EX com o objetivo claro de tirar do caminho o executivo que impunha indesejáveis obstáculos aos interesses do governo na empresa. Repito: interesses do governo e NÃO DO ESTADO.

Nessas circunstâncias é que surgirá o Murilo Ferreira. O mundo aguardará ansioso para ver como ele enfrentará as pressões para equilibrar interesses da empresa e do governo.

Numa civilização moderna, na maioria das vezes, eficiência empresarial (e o conseqüente lucro do acionista) e interesses políticos caminham em direções opostas. A depender das opções que o novo CEO fizer, ficará mais claro de que lado ele se posicionará. O que se sabe é que os principais pontos de desavença de Roger Agnelli com o governo se mantiveram principalmente em três pontos: construção de siderúrgicas, de preferência em estados liderados politicamente por partidos da base aliada (vou no popular: Sarnei e sua república do Maranhão), participação no custos imensuráveis da UHE Belo Monte e pagamentos de royalties absurdos inventados pela união, por estados e municípios onde a VALE mantém instalações.

Há fortes indicativos que o Ministério da Fazenda estuda impor de imediato sobretaxas às exportações de minério de ferro como forma de obrigar a empresa a cumprir este planejamento.

Se o novo presidente resistir às pressões, demonstrará que está preocupado com o interesse do acionista, uma estratégia empresarial mais inteligente, pois deve ser o objetivo da empresa a geração de valor para o acionista como meta, seguindo sua bem-sucedida trajetória de expansão, gerando empregos e ampliando a arrecadação de impostos.

Especialistas vêm publicando em vários veículos que como o custo de energia e do próprio minério estão caríssimos, não faz muito sentido investir na fabricação de aço neste monento. Talvez mais á frente pois pode vir a ser uma boa estratégia para maximizar o lucro. Pior ainda se o CEO aceitar instalar siderúrgicas em localidades distantes dos centros consumidores, ou seja, sem a mínima racionalidade econômica.

A agregação de valores aos produtos básicos (ferro, cobre, níquel, etc) é louvável, mas a decisão do tempo certo deve ser analizado pela empresa que julgará a oportunidade pois investimentos equivocados e o baixo retorno poderiam, a depender do projeto, afetar os resultados da empresa. Investir em geração de energia é de suma importância para a Vale. Afinal de contas, ela é a maior consumidora do Brasil. Garantir suprimento de longo prazo já é parte do planejamento da companhia. A VALE aceitou compor consórcio para participar do polêmico leilão de 20 de abril, marcado pela falta de transparência. A mineradora ofertou o valor de 82 reais/MWh. A opção do Planalto é por um autoprodutor (que produz para consumo próprio). Resultado: a VALE é posta contra para parede para assumir a fatura de 2,3 bilhões de reais de investimentos ainda que mineradora discorde da tarifa contratada. Para que possa oferecer retornos satisfatórios aos acionistas da empresa, o novo CEO da VALE faria boa opção caso não se envolvesse na construção da hidrelétrica de Belo Monte. Estima-se que a taxa a interna de retorno do investimento seja de apenas 5% – insuficiente, portanto, para cobrir até mesmo a inflação, que beira os 6%. Com o mesmo dinheiro, a VALE pode, inclusive, investir em outras fontes de energia, de modo a garantir o fornecimento de longo prazo, mas sem prejudicar o lucro do acionista.

Os royalties sonhados pelos executivos dos três níveis de governo são absurdos e extorsivos. Tratam de financiamento da gastança que se materializa por políticos inescrupulosos que acham que têm que satisfazer seus instintos bestiais de auto-promoção e locupretação satisfeitos a qualquer custo. A empresa vem questionando esses valores em todas as instâncias judiciais.

Os acionistas majoritários certamente terão eventuais prejuízos por outras fontes. Porém os pobres mortais que aplicaram seus recursos de investimentos, inclusive de FGTS em ações da VALE, verão minguar as reservas que pensaram para suas aposentadorias.

Um verdadeiro atentado contra a economia popular.

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