Fonte: Coluna RADAR ON LINE - Revista VEJA
Ontem, o marido da Marcela Temer disse que "estava surpreso com tanta manifestação agressiva da população brasileira. Nem parece aquele povo tão dócil".
Concordo plenamente com ele. As vaquinhas de presépio, o gado sempre conduzido ao abate sem reclamar; não deve piar nem gemer. Quer ver mais uma?
Pagamos adicional de "bandeiras tarifárias" pela operação das usinas térmicas porque são mais caras; pagamos adicional de "risco hidrológico" das usinas hidrelétricas porque pode ter seca; pagamos adicional de subsídio a "tarifas sociais" dos consumidores de baixa renda do Bolsa família : pagamos adicional para a Empresa de Planejamento Energético fazer um monte de projetos mal concebidos e por aí vai...
Mas pagar por instalação poluente, cara, obsoleta e PARADA é demais...
A UTE Candiota, na cidade de mesmo nome no Rio Grande do Sul, é movida a caldeiras que queimam carvão mineral e está com sua primeira fase (126 MW) parada desde 2013. A segunda fase (320 MW) opera com apenas 16% da capacidade há anos por restrições técnicas e ambientais.
A UTE ainda tem sua terceira fase (350 MW) que tem uma história pra lá de interessante. Querem ver?
Depois de ficar por anos estocados na França, durante a administração de Dilma Vana Roussef à frente da Secretaria de Energia do governo gaúcho de Olívio Dutra; os equipamentos da usina foram transferidos para Candiota para o início das obras e montagem.
Os estudos técnicos desenvolvidos pela Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica - CGTEE, subsidiária da Eletrobras, sob a orientação do Ministério de Minas e Energia - MME, de novo leia-se Dilma Vana Roussef; mostraram que a viabilidade da implantação da unidade Candiota III se daria somente se construída em área contígua ao complexo Candiota (Fases A e B), utilizando os equipamentos e materiais já adquiridos, começando a sair do papel somente em 2006.
A justificativa era viabilizar a retomada da utilização do carvão mineral na produção de energia elétrica para atendimento do mercado brasileiro, duplicando o consumo deste combustível no estado do Rio Grande do Sul, propiciando geração de empregos e distribuição de renda na Metade Sul do estado, região cuja economia por um longo período esteve estagnada.
Pois então... Nos estoques de carvão para o suprimento do complexo, há um estoque enorme de combustível. No fim de 2014, eram 2,63 milhões de toneladas, bem mais que os 2,35 milhões utilizados ao longo daquele ano. A conta para isso vai para a tal Conta de Desenvolvimento Energético - CDE, que contempla aquele monte de penduricalhos que citei lá em cima e mais os custos com carvão para geração.
Quem administra este fundo? a dona da UTE Candiota; justamente a Eletrobras.
Para 2015, a previsão da CGTEE, é de 3,3 milhões de toneladas de carvão, no valor total de 165 milhões de reais.
Acontece que foram arrecadados 115 milhões para esta despesa mas, por conta da baixa geração, a Eletrobras repassou à controlada apenas 59% desse valor. Ou seja, além das despesas para engordar um estoque parado de carvão, houve sobras de pouco mais de 46,7 milhões de reais, que não foram retornados ao consumidor.
Quem tem força já pulou e se livrou desta conta. A Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia - ABRACE já obteve uma liminar na Justiça para não arcar com esses valores; mas nós, os mortais consumidores seguimos pagando a conta.
A geradora só agora em outubro diz que "pediu à ANEEL a redução de 50% na cota mínima anual de carvão das fases A e B e aguarda manifestação do regulador". Alegou ainda que o estoque é voltado para atender também a fase C, mais moderno e que está em operação.
Enquanto isso, mais um enorme e grosso PNC do brasileiro comum.
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