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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Olho Vivo: Tracajá Sobe Em Árvore

Quando eu digo que aqui em cima as coisas são diferentes do resto do Brasil, nêgo acha que é invenção minha. Vez em quando posto alguma peculiaridade prá mostrar que estou certo.

Voz comum em Terra Brasilis é "jabuti não sobe em árvore". Aqui sobe. Veja os primos deles, os tracajás soberbamente arranchados num tronco sobre o igapó. E mesmo com inclinações maiores é possível vê-los em galhos superiores. Já cansei de ver e NÃO dividem de mim.
Mas tem coisas que não mudam...
A Companhia de Gás do Amazonas - CIGÁS, empresa de economia mista com participação de 51% das ações ordinárias (que lhe conferem poder de decisão) e 17% das ações preferenciais (poder financeiro) do governo do estado; está querendo vender as ações do poder público para sustentar os projetos de desenvolvimento e ampliação de serviços. Pergunta este ignóbil silvícola: CUMA?
Primeiro que para que isto ocorra, é necessário que a Assembléia Legislativa aprove o projeto de lei, encaminhado pelo governo no final de novembro. Tá, vai que é mole pois o governador tem um rolo compressor igual ao da governANTA; tanto que o diretor-presidente da Cigás, Lino Chíxaro (não por acaso, ex-deputado), já dá como certo o cronograma de que o projeto de lei seja aprovado na ALE ainda este ano, e que no início de 2012 seja aberto o processo licitatório para contratação de um consórcio que abrangerá empresas das áreas financeira, jurídica e de engenharia, para estudar a melhor maneira de viabilizar a comercialização das ações da empresa pertencentes ao Estado.
Nesse tal estudo, será definida a modelagem ideal para a comercialização das ações do Estado e seu valor de venda.
É aí que aparecem os cumpanhêrus tracajás.
A empresa, grupo ou ainda consórcio que assumir a parte do Estado na Cigás, deverá apresentar planos de metas e de investimentos, tendo como horizonte uma concessão de 30 anos.
Não obstante (putz, eu adoro esse termo...), mesmo sabendo que o governo não tinha interesse e nem capital para continuar investindo numa empresa tão rentável (fala-se de R$ 45 milhões de superavit por ano), a empresa, diga-se o estado, investiu uma grana preta (talvez ficasse melhor dizer JAMBO, a cor de nosso povo) para implantar a enorme e estratégica rede para atender o mercado cativo das termelétricas, dispostas já em pontos-chave da cidade, além de expandir a rede de gás na avenida Torquato Tapajós (uma espinha dorsal, eu diria) para viabilizar a distribuição de gás veicular, metas de 2012, basta ver o mapinha esquemático a seguir.
Nessa brincadeira de futurismo já BEM estruturado, estima-se oferecer ao bobo do comprador uma possíbilidade de, até 2020, pelo menos quadruplicar aquele lucro que falei.
Somente pelo gasoduto atual da Petrobras entre o parque de exploração de óleo e gás da cidade de Coari até Manaus, a companhia tem capacidade para oferecer mais de 5 milhões de metros cúbicos/dia, porém, são utilizados pelas termelétricas apenas 2.246.105 metros cúbicos. Mercado cativo, estruturado e de enorme potencial, portanto. E a Petrobras já tem planos de duplicar sua instalação, além de uma outra empresa privada que já trabalha na região.
É ou não é o caso de dar curso até de alpinismo para os tracajás?

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