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domingo, 13 de novembro de 2011

A Primeira Cacica do Brasil

Com informações do IG News

Mulheres vêm se destacando mundo afora. Governantes, cientistas, pilotas, militares, profissionais das mais diversas áreas, enfim, ocupando os espaços que lhe são devidos e merecidos. E prá quem achava que "categoria" é extremamente machista, apresento a índia Creuza Umutina, a primeira cacica do Brasil.
Quando pequena, sua mãe lhe ralhava porque ela gostava de jogar bola e atirar com arco e flecha, o que, convenhamos, não eram diversões adequadas para indiazinhas que deveriam, desde cedo, aprender a cuidar dos homens da tribo. Creuza aguentava as broncas, mas aproveitava todo descuido materno para treinar sua pontaria e jogar o seu futebol.
Essa determinação e o prestígio adquirido por suas habilidades com o arco e flexa, levaram Creuza várias vezes ao pódio dos jogos indígenas e depois ao posto mais alto da aldeia Umutina, em Barra do Bugre/MT, eleita que foi por voto direto em 2004, como a primeira cacique mulher do Brasil. Chamo atenção que a denominação do cargo é comum de dois gêneros, portanto diferente daquela uma lá do planalto, ela é CACIQUE e não cacica.
Como por lá a regra de reeleição é outra, em 2008, aos 42 de idade, repetiu o feito e mudou a gestão de Umutina e deverá ser novamente conduzida em novembro de 2011 já que é candidata fortíssima a faturar o terceiro mandato.
Governante caprichosa, Creuza precisou vencer outros desafios e quebrar outros paradigmas. Alcoolismo, educação e divórcio também compõem a biografia desta mulher.
A infância foi curta. Aos 12 anos, lembra, já estava grávida do marido, escolhido pelos pais. “Daí não dava para escapulir e brincar”, diz. A boneca, de carne e osso gerada em seu ventre, exigia dedicação total. “Era uma criança cuidando de outra criança. Mas era a minha obrigação”, conta.
Foram cinco filhos paridos quase que em sequência. E, sem nunca ter provado um só trago de pinga, a índia conheceu, na vivência da maternidade, os males da bebida alcoólica. “Meu companheiro começou a beber demais logo quando meu segundo filho nasceu. Ficava violento, agressivo. Faltava coragem em dizer para ele que eu não estava feliz.”
Em meio a este drama de seguidas gravidez e alcoolismo do parceiro, Creuza soube descobrir que o talento proibido da meninice seria a sua carta na manga. Com ele conseguiria o respeito da comunidade e daria uma reviravolta na vida. Voltou a treinar a pontaria, relembrou o dom natural e em 2004 foi campeã dos Jogos Indígenas na modalidade, desbancando inclusive o marido, que já havia sido promovido a “ex”.
No meio indígena, o bom desempenho em atividades físicas é admirado, pois indica que a pessoa trilha o caminho do bem. A fama de vencedora e de guerreira se espalhou. Naquele mesmo ano foi eleita cacique, a primeira mulher no posto.
Conhecendo as mazelas de sua tribo, Creuza traçou um plano de ação. Abriu a aldeia para escola, centros de saúde, programas para a dependência química, internet e também antenas de televisão. Professores na aldeia, educação, programa contra o álcool, computadores e internet são as conquistas da cacique
Todos os feitos de Creuza são ligados a sua trajetória pessoal. Quando fala, com orgulho, da escola que conseguiu implantar dentro da Aldeia, ela cita que a sua gestação precoce a afastou dos estudos logo no início do Ensino Fundamental. “Os meninos daqui também quase morriam para chegar ao colégio, longe demais. Tinha de atravessar o rio e passar pela estrada para estudar. Então, trouxemos os professores para perto e ninguém sofre mais para ter educação.”
Ao pontuar o programa contra o álcool – com médicos, palestras e conversas divididas em quatro etapas com o índio que bebe demais (atualmente, segundo levantamento feito pela Secretaria Nacional Antidrogas 38% dos indígenas tentam, mas não conseguem, parar de beber) – Creuza usa o ex-marido como exemplo. “Ele melhorou, casou de novo e eu estou até amiga da nova esposa dele. O álcool é destruidor da família. Prejudica quem bebe e quem está ao lado”, fala.
Para as mulheres, ela fala da importância de cuidar da dieta fazendo mea-culpa, já que também está com quilinhos extras. A Fundação Nacional de Saúde Indígena mostrou que 46,5% delas estão com sobrepeso. Também defende a visita ao médico e passar por exames.
Desde setembro, técnicos têm visitado a Aldeia Umutina para tirar uma gotinha de sangue dos dedos dos índios. Começou nesta tribo a campanha do Ministério da Saúde a campanha de teste rápido da aids, uma novidade benvinda pela cacique.
Sobre a conexão dos 30 computadores à internet e às antenas de TV instaladas nas casas, Creuza fala que podem ajudar a mulher a buscar informação e autonomia, dois critérios fundamentais, avalia ela, para ter dado uma guinada na sua vida.
“E praticar esporte também é bom, né? Veja o meu caso...”, diz respirando fundo e voltando lá para o início da sua jornada. “Minha mãe morreu brava comigo por causa da minha adoração pelo arco e flecha. Mas acho que agora, onde ela estiver, deve estar com orgulho de tudo que eu consegui por causa dele.”
Percebe-se que nossa querida Creuza tem um comportamento beeeem diferente da governANTA do Brasil. Enquanto uma busca na sua própria história os rumos da correção dos problemas de seu povo, a outra se acompanha do que há de pior na nação, gerando cada vez mais mazelas, ao invés de corrigí-las.
Minha chamada como colega cacique é: CREUZA PARA PRESIDENTE JÁ.

Um comentário:

Rose disse...

Cacique, minha sogra era filha de índia com português, pessoa íntegra, determinada, valente, a história da "cacica" me trouxe boas lembranças.