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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Demolindo Tótem Prá Celebrar?

Esse silvícola semi-aculturado tem muita dificuldade de assimilar os costumes dos brancos. Penso eu que, quando erigimos um tótem, queremos celebrar um marco ou um evento histórico, ou ainda homenagear alguma personalidade. Tupã por exemplo, ou Iara, a quem prefiro. E que seja uma escultura que dura para a eternidade.

Mas os (des)governantes locais parecem entender diferente.
Na imagem acima vemos rompedores hidráulicos destruindo uma praça construída sobre um igarapé (pequeno riacho) na avenida Brasil, com um tótem metálico que representa um ícone da ponte sobre o Rio Negro; aquela de R$ 1,3 bilhão.
Acontece que essa estupidez, embora belo e simbólico, foi construído exatamente no fim da grande avenida que se estende como acesso à ponte na margem esquerda (lado Manaus), como indicamos na imagem abaixo, e onde deveria haver uma ponte como parte do complexo de alças e viadutos que complementarão o sistema viário no local. Alías, a ponte já existia e deveria ser alargada para compatibilizar com o fluxo muito maior que passaria a ter.
Quando começou a obra, com estaqueamentos e montagem das estruturas metálicas que se vê na foto, todos elogiavam a iniciativa pois a obra da ponte ainda estava longe de acabar. Nem de tempo de se animar e surgir o monstrengo, que custou a bagatela de R$ 5,5 milhões e agora vai "Pro Chom".O monumento e a praça foram inaugurados no dia 31 de março do ano passado na maratona de inaugurações feitas pelo ex-governador Eduardo Braga, em campanha milionária junto com a hoje senadora Vanessa Grazziotin para derrotar Arthur Virgílio, às vésperas da desincompatibilização de Braga, que deixou o governo para disputar uma vaga no senado.
A Secretaria da Região Metropolitana de Manaus (SRMM) é responsável pelas obras e quando o monumento estava sendo construído, chegou a dizer que não teve custo e que foi um presente da construtora da ponte para a cidade e que não haveria interferência no sistema de trânsito local. O depoimento do secretário foi feijo junto com o Curupira e o Mapinguarí, lendas amazônicas que referendaram os fatos.
Em maio pp, o Ministério Público Estadual abriu investigação para apurar o montante gasto na construção da praça e do monumento, por denúncia feita pelo deputado estadual Marcelo Ramos depois de matérias publicadas na imprensa local
Em 2008, um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) foi elaborado e apontou quais obras seriam necessárias para garantir a acessibilidade ao local e o tráfego de veículos. O estudo, na época, sugeriu que fossem construídos três viadutos em vias que dão acesso à estrada da Estanave. Um deles seria exatamente no local em que foi construído a praça do tótem. A estrutura, com mão-dupla, passaria por terras do Exército, e levaria à estrada da Ponta Negra.
Contaria com alças laterais para permitir a entrada e saída da estrada da Estanave pela avenida Brasil, assim como mudanças também na rotatória no encontro da avenida Brasil com a estrada da Ponta Negra e no retorno em frente à sede do Governo do Estado, estas em construção, embora bem atrasadas.
A entrega da ponte sobre o rio Negro vai provocar o aumento do fluxo de carros, principalmente, na avenida Brasil e na estrada da Ponta Negra. Um dos principais impactos será provocado pelo movimento de veículos pesados. Caminhões e carretas que transportam a produção de tijolos das cerâmicas de Iranduba vão se deslocar do porto de São Raimundo, também na Zona Oeste, para a estrada da Estanave e proximidades.
O MPE agora terá mais um reforço em seu trabalho pois literamnete jogaram dinheiro fora. Pelo menos que seja devolvido aos cofres públicos, de preferência com os mandatos de quem abusou do poder para se eleger e aos outros.

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