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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Irã Não é o Egito...

...Ou, os Ayatolás Não Vão Deixar Correr Frouxo.
A febre das praças que vêm ocorrendo no sul-sudeste do Mediterrâneo, nem bem esquentou os corpos em Teerã e os Ayatolás já aplicaram os anti-térmicos "democráticos".
Dezenas de pessoas foram presas nesta segunda-feira nos violentos confrontos com policiais, já que o protesto havia sido proibido pelas autoridades.
Mesmo com milhares participando da manifestação, os líderes oposicionistas apenas conseguiram "mostrar apoio" aos tunisianos e egípcios e o claro descontentamento contra o glorioso Mahmoud Ahmadinejad.
Na repressão aos manifestantes, os policiais usaram cassetete e bombas de gás lacrimogêneo em diversos pontos onde ocorreram. Também foi cortada a eletricidade e bloqueado o funcionamento de celulares em Teerã e em outras cidades do Irã. Num fato pitoresco, a BBC relata que um homem escalou um guindaste no centro de Teerã e começou a chamar as pessoas para a manifestação, e ameaçando se matar se os policiais tentassem se aproximar, mas depois foi preso pela polícia.
O presidente do parlamento iraniano, Alí Larijani, e os deputados da maioria conservadora lançaram nesta terça-feira violentos ataques verbais contra os líderes da oposição, um dia após protestos contra o governo. Os deputados iranianos gritaram "morte aos Estados Unidos", "morte a Israel" e "morte a [Mir Hossein] Mousavi e Mehdi Karroubi", líderes do reprimido movimento reformista.
"Karroubi e Mousavi são corruptos na Terra e devem ser julgados", disseram legisladores em comunicado citado pela agência de notícias Irna.
No Irã, o crime de corrupção pode acarretar na condenação à pena de morte. (Ah se valesse isso por aqui)
As ocorrências relativamente tranquilas na Jordânia, Iêmen e outros países da região, onde até regimes monárquicos resolveram dar guinadas democráticas históricas, no Irã as coisas não irão se dar de forma civilizada. Ambos os lados, em especial o zarolhinho e seus guias nãovão deixar passar barato.
Pena pois muitos poderão morrer inutilmente.

2 comentários:

Sonia disse...

O fanatismo religioso sempre foi o estopim das revoltas e a balança de decisões em todos os confrontos do Oriente Médio.
As grandes lideranças são violentas e, mesmo se dizendo "homens de Deus", não demonstram valor algum pela vida humana.
Finalmente, consigo deixar alguma coisa aqui, cacique. Leio sempre. =)

DOMINIO FEMININO disse...

Cacique, tenho para mim que houve pensadíssima estratégia em toda essa onda "democrática". A ideia era uma só: chegar ao Iran de forma disfarçada de efeito dominó. Uma articulação internacional bem planejada. Contudo, o imponderável está sempre presente e esse imponderável ainda não será vencido. A menos que haja um plano B.