Todo assalariado sonha com o mês de seu dissídio coletivo, onde a duras penas, em árduas negociações, os sindicatos patronais e dos empregados negociam os índices de reajuste salarial, melhorias das condições de trabalho, incremento das funções sociais das empresas e mais algumas cláusulas próprias de cada categoria laboral.
Depois da ocorrência da estabilização da economia com o advento do Real como moeda firme e o fim da desembalada inflação que assolou o Brasil por anos, tudo que sempre serve de base às sempre ásperas conversas é no mínimo a reposição de perdas por variações de custo de vida anual, coisa que gira entre 2,5 a 5%, dependendo da complementação do ciclo.
Puxa de um lado, encolhe do outro, troca-se valores físicos por benefícios indiretos, incrementa-se uma vantagenzinha aqui outra alí, mas tudo fica em números pequenos. Isso quando se fala de iniciativa privada ou, no máximo, empregados de empresas estatais ou de economia mista
Ponha-se na mesa funcionários ou servidores públicos, aposentados e pensionistas e acabou tudo o que se pos até aqui.
Vale umas contas feitas por burocratas conduzidos por tabelas e levantamentos a que ninguém tem acesso, elaboradas com base em limitações e contingências orçámentárias e não passam os índices de 1,5 ou 2%, quando muito.
Algumas áreas, de maior peso político ou poder de mobilização, conseguem uns porcentozinhos a mais, parcelados em vários anos, depois de movimentos grevistas; outros têm que se resignar ao que lhes é acenado, sentar no meio-fio e chorar.
Mas quando o caso se refere a nossos nobres e laboriosos parlamentares, aí a coisa muda completamente de figura.
Por Que? Ora, em ambos os lados da mesa de negociação estão eles mesmos. As planilhas de avaliação são feitas por seus assessores sob suas diretrizes e o contraditório é feito pela assessoria jurídica de seus procuradores autárquicos, indicados e contratados por eles também.
Neste momento, nossos assoberbados tribunos discutem sobre a ausência de reajustes desde 2007 e tratam da impossibilidade de exercerem seus mandatos com remunerações de apenas R$ 16.500,00. Claro que é com essa mísera disponibilidade financeira que têm que sustentar suas famílias que moram longe e das quais têm que se ausentar por 3 longos dias por semana.
Não se conta, claro, os R$ 50.000,oo de auxílio-gabinete, 15 salários anuais, o custo ZERO com passagens, hospedagens, telefones (incluindo celulares), comunicações em geral, salários de assessores (muitíssimos deles fantasmas), gabinetes acessórios, enfim; toda e qualquer despesa ligada ao mandato. Sem contar as sessões extraordinárias, que ocorrem porque não fazem seu trabalho no tempo certo, e pelas quais recebem mais que o dobro de uma sessão normal.
Mas nossos representantes acham pouco e querem um pequeno reajuste de 62% (por enquanto) sabendo-se que a inflação no período foi de apenas 18%.
Enquanto isso, corre solta a roubalheira e conchavos de muitos desses mesmos senhores a discussões sobre o salário mínimo se limitam a 20,00 ou 30,00 Reais.
Mas não desistam assalariados: alguma coisa vai aumentar prá vocês também: os descontos do Imposto de Renda que subirão proporcionalmente com o fim da atualização da tabela progressiva de retenções na fonte.
Boa sorte e votem bem na próxima vez.
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