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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Agora Não É Só Culpa de São Pedro


Lá no longínquo 2001, 9 dedos et caterva berraram e ganharam a eleição ainda se gabando de ensinar engenharia ao Brasil. Uma extraordinária estiagem fez com que os reservatórios das hidrelétricas baixassem terrivelmente e houvesse a necessidade de racionar energia; tanto através de programas educativos quanto punitivos.
Falaram em incompetência, irresponsabilidade e coisas afins; e que no governo deles ia ter energia prá mais de quilo.
Com as obras que estavam em andamento e a retomada de outras, passaram incólumes por 10 anos mas a natureza prega suas peças. A estiagem cíclica e absolutamente natural se repetiu...
E pior... Incompetentes que são, reviram prá pior os projetos antigos e de lá pra cá, o parque gerador brasileiro, que realmente vivem época de estagnação, cresceu 56%, e o sistema de transmissão, um dos principais vilões do contingenciamento ocorrido naquele ano, avançou 54%. Mas, apesar da grana despejada, mesmo com o incremento de novas fontes de energia na matriz elétrica, o sistema elétrico ficou mais vulnerável e sujeito ao humor do meu santo homônimo, Pedro.
Com a clássica operação improvisada e sem planejamento dos apaninguados que comandam o sistema elétrico, mesmo que o crescimento da economia tenha sido pífio e a seca que atingiu o País não esteja entre as piores da história, o nível dos reservatórios caiu mais rápido que o previsto.
Com os reservatórios depleciado e chuvas escassas, o risco de um racionamento se faz cada vez mais presente no país, mesmo com Lobão e sequito afirmando que vão manter o abastecimento com a operação das térmicas apleno vapor.
O problema maior é que o modelo apressado e equivocado das hidrelétricas que se construiu ou reformou com reservatórios a fio d'água, deixou cada vez menor a reserva de fluidos nas barragens. Para aliviar as restrições ambientais, as grandes usinas não têm represa para guardar água, como posso citar as Hidrelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio. Isso significa que o País está perdendo capacidade de "poupança hídrica" para suportar períodos com hidrologia desfavorável, passando a depender fortemente da natureza.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em 2001 a capacidade dos reservatórios era suficiente para seis meses de carga de energia de todo o sistema interligado nacional rodando em full load. Em 2009, o volume tinha caído para cinco meses. E, em 2019, será suficiente para apenas três meses. Um verdadeiro absurdo.
Assim, mesmo que o país escape do racionamento agora, o risco vai aumentar ano a ano, até porque se busca crescimento da economia. Se não chover bastante até o fim dos períodos úmidos, os reservatórios vão terminar 2013 piores do que em 2012 e assim por diante.
Sem esquecer que chuvas muitas e brutais levam a encentes e destruições nas mal cuidadas cidades.
Usinas a fio d'água irão agravar a dependência do Pedroca. Além da falta de reservatório, as hidrelétricas da Amazônia ainda têm um agravante; a grande variação do volume de água no período seco e no período úmido. No Rio Xingu, por exemplo, onde está sendo construída Belo Monte, a diferença é de 25 vezes. Em Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, é de 11 vezes. No Sudeste, de apenas 5 vezes.
Isto porque os rios do norte têm calha rasa, embora apresentem gigantesco volume de água nas épocas de grandes vazantes. Seria os reguladores dos reservatórios do sul-sudeste, até porque o regime hidrológio entre as regiões é oposto. Um lado seca e o outro chove bastante.
Como está crescendo o parque eólico, témico a gás em ciclo combinado e outras fontes, com um pouco de inteligência, poder-se-á diminuir a produção das hidrelétricas, guardar água e atender à demanda com as outras; desde que vente e tenha gás natural.
Mas sem as represas, o operador precisa de outras garantias e ginásticas. Ou dito de outra forma, uma mudança na matriz energética será necessária. Se hoje temos coisa de 70% da base energética calcada em geração hidráulica, o país precisa apostar mais na energia térmica para dar segurança ao sistema. Quanto mais usinas a fio d'água forem construídas, maior a necessidade de termoelétricas para garantir o abastecimento em momentos de instabilidade climática. Todos os especialistas também defendem maior participação das usinas térmicas de alto rendimento na matriz brasileira. E nós não as temos.
Li que Roberto Pereira D'Araújo e Luiz Pinguelli Rosa, dois grandes  especialistas em sistemas elétricos, acreditam que a situação atual poderia ter sido evitada se as térmicas tivessem entrado em operação mais cedo. "Hoje 70% da capacidade de geração é hidráulica, mas as usinas geram 90% da energia do País. As térmicas representam mais de 20% do parque gerador, mas produzem apenas 10%. Isso precisa mudar", diz D'Araújo.
O professor da Coppead, Nivalde Castro, vai além: algumas térmicas, mais eficientes e menos poluidoras, precisariam gerar na base, sem parar. Hoje as usinas são contratadas para operarem em disponibilidade: ficam paradas à espera de um chamado do ONS.
Como a quantidade de água nos reservatórios não é mais suficiente para atender ao período seco. O governo terá de fazer leilões por fonte, por região e numa forma de contrato diferente da atual.
Eu pessoalmente não acredito numa reversão do atual modelo das hidrelétricas por causa dos eco-xiitas. As usinas a fio d'água foram a escolha que possibilitaram atender as exigências de diminuir os impactos ambientais, especialmente aqui no Nortão, mas aumentou demais a instabilidade do sistema e fatalmente irá aumentar o custo da energia, pois teremos que rodar cada vez mais térmicas.
Na minha cabecinha silvícola, não podemos pensar em construir hidrelétricas a qualquer custo, mas também não podem proibir a todo preço.
Fato é que estamos numa enorme encruzilhada: é imperioso que se construam as grandes hidrelétricas na Amazônia em cascata para regular os rios em que estão isnsaladas, como se encontra o sistema no sul-sudeste. Por outro lado há o clamor de preservar a floresta.
Falo por mim: sem ar condicionado e internet não vivo. Tem outros que precisam de freezer, aquecedor, micro-ondas e outras facilidades da vida moderna. Mas tem os que preferem a luz das estrelas e as fogueiras. É só ver quem tem razão...
Ah... Lembro que empregos advêm do crescimento industrial e na sequência, comercial e de serviços... Portanto, a opção das cavernas deve contemplar todo mundo... Com caça e pesca liberada todos os dias senão não vai ter como conservar a presa...
Só prá concluir....Capim também precisa de irrigação, então senhores e senhoras vegetarianos, cuidem-se também...
Atualizando às 07:45 - Lembrando que o Lobão disse que entre os problemas está o fato que só chove no lugar errado mas que vai consertar isso; presuponho que o magro tenha o número de São Pedro. Assim, podemos ficar mais tranquílos pois, nas palavras do cupincha do Ribamar, "nunca houve, não há e nem nunca haverá riscos de racionamento.
Outro destaque é a transferência de culpa do (des)governo para as empresas estaduais que não toparam engolir o prejuízo imposto pela renovação automática das concessões, CEMIG, CESP e COPEL. Anuncia-se que a culpa do racionamento, se ele houver, será a GANÂNCIA destas empresas por lucro, já que vendem muito mais caro do que produzem. Pelo menos é o que os blogs de aluguel anunciam a pleno vapor.

Um comentário:

opcao_zili disse...

1- Se os blogs comprados anunciam é porque colocarão a culpa no PSDB;
2- Os eco-xiitas querem mais é limitar a capacidade de produção do Brasil para continuarmos "comendo grama"nas mãos dos cretinos de seus patrões;3- E o PT, entreguista, dá o Brasil de mão beijada para esses indecentes;4-
Estamos ferrados com esse pseudo-governo.