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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Torcida Não Ganha Jogo


Li no Blog do Juca Kfouri um excelente artigo de Luiz Martins de Melo, que é Doutor em Economia e Professor do IE//UFRJ e Atleta Emérito da Confederação Brasileira de Basquetebol, ex-jogador do Vasco e da seleção brasileira, sobre o qual teço alguns comentários.

O Ministério do Esporte finalmente decidiu definir e implantar uma política de esportes pública para o Brasil. Em recente entrevista o Ministro dos Esportes declarou que nas próximas semanas estaria lançando essa política. Mas a decisão de que as olimpíadas seriam no Hell de Janeiro não ocorreram pouco epois do descobrimento?
Independentemente de saber qual o seu escopo e conteúdo deve-se saudar essa declaração.
É um fator positivo para o desenvolvimento do esporte o seu reconhecimento de um elemento importante das políticas públicas voltadas para ampliação dos direitos de cidadania.
Porém se essa política tem o objetivo de melhorar o desempenho olímpico do Brasil para 2016, temo que seja tarde demais. Não é só seu o temor meu caro doutor.
Em menos de quatro anos não se forma um atleta olímpico, muito menos uma equipe olímpica em esportes nos quais não temos nenhuma tradição. Nem nos que temos.
O desempenho olímpico brasileiro em Londres-2012 se analisado sob a ótica do custo da delegação que nos representou e do seu resultado esportivo representou um retrocesso.
Nunca se gastou tanto para um ganho de medalhas inexpressivo.
Foram investidos R$ 1,76 bilhão de reais no ciclo olímpico de 2009/2012. No ciclo olímpico anterior 2005/2008 foram gastos R$ 0,28 bilhão.Em 2008 ganhamos 15 medalhas e ficamos em 22º lugar na classificação geral. Em 2012 ganhamos 17 medalhas e ficamos em 23º lugar.
Ou seja: Um aumento de verbas de 528% para um pífio acréscimo de medalhas de 13,3%.
Todos os países que tiveram suas cidades escolhidas para sede dos Jogos Olímpicos já apresentaram um ganho de medalhas expressivo nos Jogos Olímpicos imediatamente anterior.
A Inglaterra que investiu menos que o Brasil nos esportes olímpicos, R$ 0,83 bilhão no atual ciclo ganhou 65 medalhas, 17 a mais do que em Pequim, onde já tinha melhorado muito em relação a Atenas. Tinha sido 10º lugar em Atenas e Pequim.
Tudo indica, portanto, que a política pública para os esportes a ser lançada dificilmente terá um forte impacto para 2016. Se bem aplicada poderá surtir efeito para 2020. Isso se roubarem pelo em nos 90% a menos
O legado esportivo do ciclo olímpico brasileiro está sob forte incerteza. Já eu tenho absoluta certeza: será uma vergonha.
Como o legado dos investimentos em infraestrutura não seguiu os bons procedimentos das políticas públicas implantadas em Barcelona e Londres, transparência dos planos e concentração dos investimentos nas áreas mais carentes e degradadas, só nos restará a certeza de que o carioca será o melhor da festa, como sempre. Praia, bundas e samba. E muuuuitas contas prá pagar.
Porém, temos que nos preparar para a ressaca. E bota ressaca nisso. Daquelas que nem uma aixa de Engov sara.
Como de praxe, repousa nos sonhos da curriola que toca esse barco, a esperança de que a forte torcida tupiniquim presente em estádios, ginásios e arenas eleve o moral de alguns abnegados atletas e sufoque a fortíssima preparação de seus adversários e oponentes. Ou que alguém dê uma batizada na aguinha dels e a coisa se ajeite pro nosso lado. Só pode...

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