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sábado, 18 de fevereiro de 2012

A PETROS e a Privatização de Guarulhos

Recebi esse e-mail enviado aos conselheiros da Fundação PETROS, previdência privada dos empregados da Petrobras, por um de seus associados. Se GRANDE NÚMERO de participantes fizesse esse tipo de cobrança dos Conselheiros por eles eleitos, certamente eles desceriam de seu pedestal e iriam exercer com mais propriedade sua função de "representantes dos participantes" a quem, por dever funcional, devem SIM, explicações e satisfações.
Como as cobranças, praticamente não existem, eles não estão nem aí, e fazem as aberrações que o (des)governo quiser.
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Caros! Existem conselheiros?
Se existe, onde estão? O que andam fazendo em pró dos associados? Estão defedendo o quê, além dos seus interesses?
Falem senhores
* Paulo Teixeira Brandão
* Ronaldo Tedesco
* Paulo César Chamadoiro Martin
Como participante do Fundo Petros, envio formalmente aos srs., nossos Representantes, as considerações e indagações abaixo, em relação à participação da Petros, no negócio de privatização do aeroporto de Guarulhos.
Conforme compromissos assumidos pelos srs., faz parte de suas obrigações, manterem os participantes informados sobre a Gestão de nossos Recursos, realizada por nossa delegação, na Administração da Petros.
Assim, fico no aguardo de sua manifestação e de suas explicações, em relação às cinco perguntas abaixo formuladas.
O "negócio" realizado na privatização dos aeroportos, onde nosso Fundo Petros, se apresenta como um dos "novos proprietários" do aeroporto de Guarulhos, precisa ser explicado e esclarecido, para que não tenhamos motivos de nos preocupar e de nos tornarmos críticos contrários à essa operação. Afinal, aparentemente, foram aplicados R$ 3, 647 bilhões de nossos recursos, nesse negócio.
Sem ainda estar emitindo qualquer juízo de valor em relação a essa operação, preocupa-me a reação quase unânime dos especialistas que, de inicio, consideraram o lance vencedor para Guarulhos, como muito alto, fora dos padrões aceitáveis e razoáveis e de difícil recuperação, em condições normais das tarifas que lá estarão vigindo, segundo declarações do próprio governo!
A IATA ( The International Air Transport Association ), responsável pela coordenação de 280 Empresas aéreas, nos maiores aeroportos do mundo, fez duras críticas ao modelo dessa privatização, apontando especialmente quatro pontos claramente inaceitáveis e negativos:
a - a falta de transparência e de melhores definições sobre todo o negócio
b - o excessivo valor do lance ofertado, de quase impossível retorno nas condições previstas
c - a obrigatoriedade de realização de vultosos investimento adicionais
d - a dúbia posição do governo de ser, ao mesmo tempo, parceiro dos novos proprietários e regulador da atividade (meu comentário : a raposa tomando conta do galinheiro!... )
Se uma Entidade com a experiência e os conhecimentos da IATA, nessas questões de aeroportos, se manifesta de modo tão direto contra o que foi feito, é lícito que uma preocupação inicial tome conta de todos nós, até prova em contrário!
Um colega nosso, especialista nessas questões de aplicações, retornos e congêneres, apresentou a seguinte conta, que nos leva a uma séria reflexão :
"...Um fluxo de caixa com desembolso inicial de 13 bi (mais ou menos o valor do lance do segundo colocado) e retorno de 1,15 bi por ano durante 20 anos. Dá uma taxa interna de retorno de 6,2%. Mudando-se o desembolso inicial para 16 bi, a taxa cai para 3,7%.....
De cara, já dá para ver o prejuízo em decorrência do lance inicial exagerado...
Para empatar com a meta atuarial, o retorno anual total deverá ser de 1,4 bi, só considerando o
investimento inicial. ( Sem os investimentos adicionais obrigatórios! ). O que significa que, cada passageiro que passar pelo aeroporto atual, deverá representar um lucro – lucro? – de R$47,00. É claro que há o movimento de carga e outras receitas em princípio lucrativas, mas de qualquer forma, dá para ver que não é fácil tirar um lucro desse tamanho. Há muito mais aviões de passageiros do que aviões de carga.
Dá para ver que os números não fecham : o novo terminal, que deve ser construído pelo Consórcio, para a Copa, vai custar 1,4 bi e terá capacidade para 7,5 milhões de passageiros por ano. Então o investimento será de 187 mil por passageiro-ano.
Se considerarmos que 50% do valor pago no leilão representa instalações para passageiros e a metade restante instalações para carga, e considerando que o movimento do aeroporto é de 30 milhões de passageiros por ano (foi de 29 milhões e uns quebrados em 2011), o valor pago pelas instalações existentes deveria ser de 11,2 bi.
Considerando um bônus de 15% para se ter o negócio, iríamos a 12,9 bi estourando a fita.... E olhe lá, acho que estou sendo generoso nas minhas contas. Não estou levando em conta depreciação, por exemplo, nem passivo de reformas a executar ou concluir, nem que as instalações para carga devem custar bem menos...."
Por esse simples exercício, feito assim na hora, sem muita análise ou profundidade, vê-se que pode acontecer algo de preocupante, em relação ao "sucesso" desse negócio!....
A própria IATA insiste em mostrar que o aeroporto de Guarulhos já é um dos aeroportos mais caros do mundo, se comparado com outros. Portanto, a margem de aumento de tarifas é pequena, além de isso ter sido explicitamente rejeitado pelo governo, em suas declarações!
E em todas essas contas, não estão incluídos os pesados Investimentos que terão de ser feitos, conforme termos do contrato de Concessão!
No dia em que nós nos tornamos proprietários dessa incógnita, já ganhamos um abacaxi embrulhado em reluzente papel de ouro : foi inaugurado hoje o novo Terminal do Aeroproto de Guarulhos que, de cara, já nasce com problemas e com impropriedades graves, segundo as centenas de usuários que o utilizaram :
* Está situado a DOIS Kms. de distância dos outros terminais, tornando uma epopéia o acesso à ele;
* Não tem ou não funcionam as instalações de ar condicionado
* Não há restaurantes, cantinas ou locais adequados e suficientes, para se alimentar.
Diante, pois, de todas essas dúvidas e incertezas que então envolvendo esse negócio realizado com os recursos de nosso Fundo Petros, solicito, como membro participante e proprietário do mesmo, que os Conselheiros Eleitos prestem seus esclarecimentos sobre as seguintes 5 indagações básicas :
* Os Conselheiros Eleitos foram ouvidos para a realização desse negócio ?
* O negócio foi realizado com sua aprovação ? Ou com sua rejeição ?
* O Comitê de Investimentos da Petros ( Comin ) foi consultado e deu sua aprovação para o negócio ?
* Quais as razões técnicas que justificaram o valor excessivo do lance, reconhecidamente muito acima do preço-base estipulado pelo governo e igualmente muito acima do lance proposto pelo
2o. colocado ?
* O Fundo Petros realmente desembolsou o montante de 3, 647 bilhões de nossos recursos, nessa operação? Se não, qual foi o valor realmente desembolsado pelo Fundo Petros ?
Fico no aguardo dos esclarecimentos a serem prestados pelos srs. Conselheiros Eleitos.
Márcio Dayrell Batitucci
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Segue matéria de Jamil Chade onde a IATA critica privatização dos aeroportos
A privatização dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília na segunda-feira 06/02/12 significará passagens ainda mais caras e maiores impostos para as empresas aéreas.
Foi assim que o setor aéreo mundial reagiu ao processo no Brasil, atacando abertamente o governo federal por ter adotado um modelo que ameaça prejudicar a indústria aérea e ainda não
resolver o problema da falta de eficiência dos aeroportos nacionais.
A IATA , entidade que reúne as 280 maiores empresas do mundo; denuncia a falta de transparência no processo e diz que a inflação no preço da compra, comemorada pelo governo, não conseguirá ser compensada apenas com a exploração dos três aeroportos e acabará em novos impostos para os passageiros.
Os representantes da Bovespa e do consórcio que venceu o leilão para o Aeroporto de Guarulhos comemoraram efusivamente a conclusão do leilão.(Foto de NILTON FUKUDA/AE; que abre este post).
Numa avaliação interna feita pela IATA, o processo da venda dos aeroportos provocou “forte preocupação” no setor privado. A entidade constatou que o valor das vendas foi muito acima do antecipado, chegando a R$ 24,5 bilhões, contra uma base de R$ 4,45 bilhões.
Além disso, os contratos de concessão estipulam investimentos de R$ 16,2 bilhões nos três aeroportos.
Para a IATA, não haverá como recuperar esses recursos apenas na exploração da licença dos aeroportos, e o resultado será maiores impostos para todos; “mesmo considerando que uma quantidade substancial de recursos pode ser atingida por meio de melhorias na eficiência dos aeroportos, em especial em Guarulhos, é difícil conciliar o montante pago com o potencial de receita”, alertou a entidade. “Essa diferença é de grande preocupação para a indústria”.
O que preocupa as empresas é o fato de que os impostos sobre combustíveis, sobre o espaço para escritórios e outros serviços “deixam espaço para interpretação”. Na prática, temem que a margem de manobra nesses setores abra a possibilidade de que esses impostos sejam elevados.
Na opinião de Perry Flint, chefe de Comunicações Corporativas da IATA nas Américas, um dos temores vem justamente do histórico da empresa sul-africana ACSA, que faz parte do consórcio que venceu a licitação do Aeroporto de Guarulhos. Segundo ele, uma das primeiras medidas dessa companhia na África do Sul foi elevar de forma dramática os impostos quando assumiu nove aeroportos no País há uma década. Ainda segundo ele, o problema dos aeroportos do Brasil não é o fato de que as taxas aeroportuárias são baixas. “O problema é a baixa eficiência”, disse Flint.
Um levantamento feito pela indústria revela que, na realidade, Guarulhos está entre os aeroportos mais caros do mundo. Para o pouso e decolagem de um avião A330, Guarulhos cobra taxas que seriam 93% superiores às do Aeroporto de Miami, muitas vezes melhor aparelhado e eficiente.
O Aeroporto Internacional de São Paulo também é 27,5% mais caro que o movimentado Charles de Gaulle, em Paris. Em comparação com o Aeroporto de Cingapura, Guarulhos é 2,5 vezes mais
caro.
“É por isso que vamos monitorar essas negociações entre operadores e usuários”, alertou Flint. Segundo ele, o fato de o governo ser ao mesmo tempo o regulador dos aeroportos e ainda receber parte dos lucros, é uma enorme agravante. “Isso dará margem para muita coisa. Antes e durante o processo de concessão, a IATA expressou suas preocupações em relação à estrutura da privatização, que deixa o governo na posição de ser parceiro dos novos proprietários e regulador” dos serviços.
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Nosso amigo associado da PETROS tem mesmo muito que se preocupar com a poupança de ua vida para a fase de aposentadoria está seriamente comprometida. Assim como os associados da ELETROS, PREVI, FACHESF, e demais fundações de empresas estatais.
A reboque vamos todos nós contribuintes, posto que existe contribuição das empresas participantes dos fundos paralelamente à dos associados ( e isso é parte de nossos impostos) além da participação direta da INFRAERO na "sociedade" fundada com a privatização.
Canalhice é uma característica dessa corja, portanto, boa coisa não há de se esperar.
Mas cadê a poha da oposição organizada (???) prá mostrar ao mundo o que acontece no bRasil dos petralhas? A única preocupação destes pavões é a auto-promoção e a defesa de seus grupinhos de sub-partidos.
Se-lasquemo-nos.

Um comentário:

Fusca disse...

O golpe foi armado prevendo o impacto midiático dos "elevados valores" na imprensa dominada, para parecer que o PT sabe privatizar "melhor que os outros". Além de continuar funcionando como cabide de cUmpanhêros, ainda haverá o aporte da maior parte do capital com dinheiro do BNDES, ou melhor, o povo pagará a conta de qualquer forma, e a conta foi inchada absurdamente com dinheiro do povo escravizado pelo PTqueParTiu.