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terça-feira, 22 de março de 2011

De Olho e Com a Mão Na VALE


Desde 2008 que o (des)governo do Brasil vem atirando pesadamente no presidente da poderosa e eficiente VALE, Roger Agnelli. O motivo? A empresa demitiu vários empregados, adiou investimentos e reduziu custos operacionais em suas controladas, durante a enorme crise internacional, enquanto o oni e uniciente EX dizia aos quatro ventos que seria apenas uma marolinha. Uma verdadeira heresia contra os dogmas do inquestionável presidente.

Hoje os principais jornais e blogs dão conta que o bombardeio se materializou e foi formalizada a solicitação da substituição de Agnelli ao acionista controlador a BradesPar, embora o dedão inquisitor tenha sido apontado na sexta feira 11/03, quando o ministro margarina manifestou essa exigência de forma direta ao presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão.

Além do Bradesco, são sócios da VALE o braço empresarial BNDESPar; os fundos de pensão das grandes empresas estatais (Previ e Petros na liderança) e o gigantesco grupo japones Mitsui.

Desde que foi privatizada em 1997, a VALE vem apresentando um ritmo de crescimento impressionante saindo de uma posição de décimo para segundo lugar mundial no ramo de mineração e para o primeiro lugar na produção de minério de ferro. Nesse trajeto, comprou ou se associou a dezenas de empresas de vários portes, investiu em ferrovias, hidrovias, portos, estradas e instalações industriais; elevou o desempenho de suas minas e jazidas e tornou-se referência internacional de eficiência e produtividade; coisa que só é permitido a empresas ágeis, independentes e bem administradas. O lucro em 2010 foi de "apenas" R$ 30 bilhões.

Quem estava à frente desse programa de melhoria e expansão? Roger Agnelli. E agora vai ser fritado para colocarem alguém mais dócil e favorável às loucuras da retrógrada administração federal. De acordo com o que publica hoje, o governo quer na VALE alguém mais alinhado com seus interesses e disposto a seguir uma programação planejada por Brasília.

Ou seja, querem transformar a eficiência da VALE numa subserviência muda e dócil a exemplo das estatais Petrobras e Eletrobras; exemplos de má aplicação de recursos e investimentos mal dirigidos; endividadas e com seus ativos comprometidos por empréstimos imensos; embora a mineradora seja empresa privada, de capital aberto e com milhões de acionistas mundo afora.

Por exemplo, o (des)governo alega que a VALE compra seus navios e plantas industriais fora do Brasil. Claro: os fabricados aqui e comprados pela Petrobras, custam o dobro. O DOBRO.
Quer também que a VALE invista em siderúrgicas e passe a produzir aço, agregando valor ao minério. Só que as siderúrgicas (inclusive as brasileiras) estão numa época de altos custos e ninguém se arrisca a montar novas unidades. Sem contar a carga excepcional de impostos agregados e custos proibitivos vinculados a folhas de pagamento

Lázaro Brandão ainda tentou contemporizar e, não sendo possível manter Roger no cargo, fazer a troca de forma mais planejada e sem criar soluções de continuidade na administração da empresa. Que nada. Bateram o pezinho e querem fazer a indicação já numa assembléia de acionistas da VALE marcada para abril, atropelando a tudo e a todos e comprometendo a saúde da empresa e o lucro dos acionistas, inclusive o BNDES e os fundos de pensão.

Segundo os jornais e blogs, nem o margarina, nem Brandão confirmam a conversa, apenas dizem que se falam sempre que precisam. Também não se fala em preferência por eventual substituto e os que militam no ramo ficam especulando nomes de executivos de fora ou mesmo da atual diretoria.

Rola ainda uma discussão sobre a distribuição dos royalties pagos pela empresa às cidades onde mantem suas instalações. Mas esse já é um outro problema. Voltamos depois.

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