Se alguma vez na vida, você precisou sacar mais de R$ 10.000,00 na boca do caixa para pagar, por exemplo, uma folha de salários ou os pedreiros e auxiliares que trabalham nos reparos e modificações em obras na sua casa, já sabe como é complicado.
Tem que avisar dois dias antes, correr o risco de ser vítima da famosa "saidinha de banco", assinar uma declaração de finalidade do saque e mais uma porrada de burocracias.
Aí eu sempre pergunto: como essa corja movimenta milhões e milhões, em contas e em espécie e NINGUÉM vê nada?
Pois é... Começou a aparecer alguma coisa.A revista Época mostra esta semana que os analistas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, entregaram a seus superiores um Relatório de Inteligência Financeira de 32 páginas em que demonstram muitas transações bancárias, com fortes "indícios de irregularidades", envolvendo, entre outros, quatro dos mais badalados tubarões petralhas, que já estão sob os holofotes de investigações da PF, do Ministério Público e até mesmo do sempre silente Congresso: Antônio Palocci, Erenice Guerra, Fernando Pimentel e o próprio 9 dedos.
Para ser mais completo, devo destacar que a reportagem cita a análise de contas bancárias e as aplicações financeiras de 103 pessoas e 188 empresas ligadas ao quarteto petralha. As operações somam incríveis meio bilhão de reais, e envolvem transações financeiras incompatíveis com o patrimônio e saques em espécie de enorme monta, contemplando a inexistência de informações do motivo das operações e a incapacidade de comprovar a origem legal dos recursos.
Ao COAF não cabe fazer juízo sobre as operações. Somente relata movimentações financeiras suspeitas de acordo com a lei e regras do mercado, como saques de dinheiro vivo na boca do caixa ou depósitos de larga monta que não tenham explicação aparente, a partir das informações obrigatórias emitidas diretamente por bancos e corretoras, que alertam "operações atípicas" envolvendo seus clientes.
Assim, de posse das informações, é obrigação do COAF avisar as autoridades sobre as operações suspeitas de crimes, não lhe cabendo estipular se determinada transação é ilegal ou não, exatamente como fez no caso do quarteto fantástico. Cabe agora à PF, ao MP e ao Congresso trabalhar detidamente sobre as informações reveladas; e a nós ficarmos de olho nas consequências.
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