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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Novas Térmicas no Sudeste: Não Vai Resolver


Leio hoje no GLOBO, que o gunverno está projetando lançar um leilão emergencial de "energia nova" em termelétricas para reforçar a geração de energia elétrica na região Sudeste num prazo de construção e montagem aproximado de 18 meses. 
As unidades serão movidas a gás natural e de partida rápida por serem do tipo Aeroderivadas, sendo instaladas ao redor dos principais centros de consumo, como Rio, São Paulo e Belo Horizonte, disponibilizando aumento na capacidade de atendimento nos horários de pico de demanda.
Não foi ainda divulgada na reportagem a capacidade a ser contratada e já se está tentando agilizar a liberação das licenças ambientais, assim como a orientação é que fiquem do ladinho das instalações atuais para reduzir perdas custos com as linhas de transmissão.
A expectativa é compensar as dificuldades de transferência de energia das usinas do Norte, onde ainda se tem condições de geração com hidrelétricas, acima dos 5.000 MW médios de energia, por restrições das linhas e as restrições das UHEs do sudeste por queda dos volumes dos reservatórios. 
Num primeiro momento, considerando que seja verdade que o problema alegado é apenas a disponibilidade de energia no horário da ponta de carga, a solução é perfeita: máquinas rápidas, instalações baratas e de mobilização curta; levando em conta ainda que a energia será de reserva e de uso regional, reduzindo custos para a micro-região, em tempos de "bandeiras tarifárias". 
A partir daí cabem algumas ponderações.
Máquinas Aeroderivadas usam turbinas de avião modificadas para geração de energia. Originalmente projetadas para operar a 30 mil pés de altura onde a temperatura é de 40 graus negativos, passarão a trabalhar a 30 graus positivo. De cara, já dá pra ver que não vão render nem durar a mesma coisa. Devem se restringir a girar SOMENTE durante as poucas horas da ponta de carga sob o risco de serem destruídas muito rapidamente.
Um segundo ponto é o porte das unidades. As maiores turbinas disponíveis na praça (da GE, da Rolls Royce e da Pratt &Whitney-Mitsubishi) permitem montagens entre 40 e 100 MW por unidade, dependendo do arranjo, que precisam incluir caros e sofisticados sistemas de refrigeração adicional (SPRINT - Spray Intercooler Turbine).
Considerando uma unidade mais comercial, montada com uma turbina LM6000 da GE, pode-se obter cerca de 40 MW por conjunto. Neste caso, até chegar nos 5.000 MW de déficit de ponta, dever-se-ia ter umas 140 unidades disponíveis, considerando uma reserva de 10%, tecnicamente aceitável. A um custo de 30 milhões de dólares cada uma, chega-se a uns 4 bilhões de dólares de investimento. 
Com uma tarifa embandeirada de R$ 2.000/MWH e um tempo de venda de 4 hora por dia, o retorno do investimento se dará em cerca de 4 anos. Tem quem aposte?
É claro que tudo se passa se for verdade que o problema é apenas na ponta de carga, coisa que eu duvido muito, considerando o nível dos reservatórios das hidrelétricas. Meu sentimento é de que não há geração disponível na base.
Neste caso, é imperioso que se acelerem as obras das hidrelétricas do norte e das térmicas Heavy Duty, tanto em obra quanto as projetadas; bem como as novas interligações Norte-Sul, para suportar a carga de base e garantir o crescimento do país. 
Vamos ver...

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