A CONMEBOL E OS DIREITOS DO CONSUMIDOR

Não sou corintiano mas não podia me furtar a publicar este texto de meu amigo Antônio

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A CONMEBOL E OS DIREITOS DO CONSUMIDOR

Por Antônio Figueiredo @ToniFigo1945

A razão se esconde, quando a avalanche da paixão desce à montanha...

Clubes de futebol hoje em dia são “empresas” envolvendo investimentos fabulosos, receitas extraordinárias e geração de empregos e renda monumentais. Veja-se UEFA, NFL, NBA e etc. É só assistir um jogo da COPA DA UEFA para saber do que estou efetivamente falando. Clubes com elencos milionários, arenas com acomodações confortáveis independente de condições climáticas e lotação e evidentemente “preços salgados” e ainda assim, como se viu na SEMIFINAL da COPA DO REI na Espanha uma torcida jogou “fogos de artifício” na outra. É de muito tempo que o futebol tornou-se parte do “show business” e em nada mais lembra os espetáculos do antigo Coliseu, patrocinados pelo “César de Plantão”. Pelo menos, não deveria... e a não ser que esse “Coliseu” seja na América do Sul e o “Cesar de Plantão” chame-se CONMEBOL.

Estive recentemente na Argentina e passei ao lado do Estádio de La Bombonera e me assustei com o que vi e ouvi. A verticalidade do imóvel é tal que para deslocamento entre os diferentes lances de degraus e para segurança da torcida foram instaladas “barras de segurança” e praticamente do último lance de degraus qualquer pessoa pode arremessar objetos e atingir o campo de jogo. Comentava-me, ainda um argentino que se você for a um jogo contra o Boca Juniors e o time local sair vencedor não há problemas, mas se o Boca for derrotado, você se encontrará em uma “verdadeira arena” com os “leões” (barras bravas) tentando comê-lo ao final do espetáculo e na saída do estádio e a região de localização não é nada recomendável. Nesse mesmo mês de Dezembro a Presidente Cristina Fernandez dava uma entrevista vangloriando-se de seus filhos serem “barras bravas”.

Nesse triste caso do jogo Corinthians e São José na Bolívia em que uma PRECIOSA VIDA se perdeu cometem-se alguns equívocos brutais:

a) A organizadora do evento a CONMEBOL é a responsável direta e por isso a ela se pagam altas taxas, pois lhe compete verificar: 1) Segurança de hospedagem de torcedores nos estádios; 2) Segurança do acesso à localidade e local dos jogos; 3) Condições de hospedagem da equipe visitante; 4) Segurança da equipe visitante.

Pois bem, (i) foram mostradas fotos do Aeroporto de Oruro e a constatação de animais perambulando pelas suas pistas (ii) A morte do menino foi constatada por volta dos 7 minutos do primeiro tempo de jogo. A única providência tomada pelo policiamento, foi isolar a área, mantendo vigilância sobre o “bloco da torcida” Gaviões da Fiel e afastar membros da Diretoria Corinthiana e jogadores que viajaram e não estavam relacionados para o jogo, que se achavam próximos. Porque a informação foi sonegada até o final do evento? Para não ter que suspendê-lo? Ou as transmissoras brasileiras do evento é que se omitiram em noticiar? (iii) A polícia de Oruro foi omissa na revista dos torcedores, visto que a proibição de fogos de artifício existe de longa data (iv) No intervalo entre os dois tempos do jogo, a torcida boliviana já sabedora do óbito fez voar uma chuva de objetos sobre os “reservas” do time corinthiano, chamando-os de “asesinos”, o que poderia ser um prenúncio de uma tragédia ao final do espetáculo.

b) A justiça boliviana, conveniente e açodadamente concluiu que o “ato” constitui-se em “homicídio doloso” e indiciou 2 torcedores como autores, por terem sinais de pólvora nas mãos e outros 10, que mantém reclusos como “coautores”, porque formavam um “grupo junto ao bandeirão”. Baseada em que princípio técnico decidiu-se entre um “acidente por inexperiência” e uma “premeditação de crime”? Não seria esta uma forma de “acobertar responsabilidades” da CONMEBOL e ou do SAN JOSÉ?

c) A CONMEBOL adotou como princípio para a punição ao Corinthians, que o clube é o “responsável por sua torcida, que é uma continuidade do clube”. Pois bem, há muito que se sabe que algumas “torcidas organizadas” compõem uma verdadeira “horda”, como os “hooligans”, (vândalos), que proporcionaram um dos mais impressionantes espetáculos de selvageria presenciados em um estádio de futebol, que resultou na morte de 38 italianos na Bélgica, (final da COPA DA UEFA – 1985 – Liverpool x Juventus) e por isso o clube foi suspenso por 5 anos da disputa de quaisquer competições. A “premiérè” Margareth Thatcher, considerando ser este um comportamento comum dos clubes ingleses, suspendeu TODOS por igual período, demonstrando a vergonha sentida por toda Inglaterra. Assim, “dentro da sua competência” a CONMEBOL poderia SUSPENDER o Corinthians e ou no máximo PROIBIR O ACESSO das torcidas organizadas, (isso já aconteceu no Brasil, mas determinado pela Justiça), mas jamais PUNIR TODOS OS TORCEDEDORES e SIMPATIZANTES com a decretação de ESTÁDIOS VAZIOS. Isso excede sua competência, pois conflita com as diferentes “legislações soberanas” dos países a que pertencem os clubes membros. Por outro lado, a “associação entre torcida e clube” só é passível de punição se aí se configurar uma “associação criminosa” e a meu ver essa regra foi estabelecida para preservar “torcidas visitantes”, principalmente.

Sou corinthiano desde a mais tenra infância e do tempo em que torcidas saiam do Pacaembu irmanadas e gozando-se mutuamente após o final dos jogos em uma verdadeira “festa de confraternização no futebol” e com certeza, para defender a “minha paixão clubística” fazer vistas grossas e aceitar tudo como “uma fatalidade”. Meu sentimento de “humanidade”, ainda que capitalista não chega a tanto. Vivemos tempos muito hedonistas e de “vale tudo”, mas nem por isso por conta de um “fato isolado”, (por enquanto) para como uma manda fecharmos os olhos e principalmente abrirmos mãos de “nossos direitos cidadãos”. A FIFA vem imponde exigências para a realização da COPA DO MUNDO DE 2014, incluindo a responsabilidade por “calamidades naturais e ação de terrorismo”.

Muito cuidado, Brasil com essas “organizações criminosas” comprovadas do tipo FIFA e CONMEBOL.

No mais os torcedores que impetraram liminar para assistir ao jogo de ontem exerceram seu direito, o de CONSUMIDOR e mostraram à CONMEBOL, que sua “autoridade” termina onde começa o DIREITO.