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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Coisas da Amazônia: Seringueiras


As seringueiras (Hevea Brasiliensis) aqui em volta de casa estão "se reproduzindo". Desde a pracinha de entrada até o jardim principal, são umas 30 árvores, que, junto com outras espécies, servem de cortina verde que abafa o barulho da avenida em frente ao condomínio.
Isto acontece uma vez por ano, entre os meses de dezembro e março, "à escolha das árvores", e dura cerca de 2 meses desde seu início. O que as fazem escolher o começo? As condições climáticas: ventos, chuvas, umidade do ar e do solo, etc.
E por que tanta necessidade?
A imagem acima diz tudo...A semente, o carocinho pintado igual um ovo de codorna e aproximadamente do mesmo tamanho, cresce dentro da castanha rígida, que a protege dos predadores aéreos até que esteja pronta para germinar. A casca possui uma região que tem uma película mais frágil e flexível, que permite à semente crescer até que rompa o limite de elasticidade da película, já pronta que esteja a semente.
Sob pressão, a casca se rompe e "explode" em três pedaços, arremessando a semente o mais longe possível, ajudando a espalhar o seringal.
Tudo pronto? Ainda não...
A casca da própria semente é rígida e a defende dos predadores terrestres até que seja coberta pelas folhas que caem ou pela terra que se deposita sobre ela e se torna numa bolinha esponjosa, pronta prá germinar.
Cerca de um ano depois, já aparece uma plantinha monocáulica que vai crescer muito próximo de um prumo vertical alinhado, dependendo do espaço em volta, na sua busca pela luz solar.
O seringal a seguir é plantado industrialmente, daí o alinhamento das árvores. Foi asim que os ingleses acabaram com a extração nativa da amazônia, ao levar clandestinamente as sementes prá suas colônias na Ásia (Malásia principalmente).
Os cabocos tinham que andar quilômetros na floresta fechada catando as seringueiras e os malaios as tinham organizadas. Concorrência desleal.

Desde o nascer até que permita o corte e extração de látex, matéria prima da borracha, vão aí uns bons 7 a 10 anos, isso adotando as mais modernas técnicas agrícolas. 
Dai, e por muitos outros motivos, ter dado completamente errado o grande sonho de Henry Ford que tinha a intenção de usar Fordlândia para abastecer sua empresa do volume de látex necessário a confecção dos pneus para seus automóveis, então dependentes da borracha produzida na Malásia, de seus concorrentes britânicos.
A natureza é sábia e isso por aqui tem de monte. Cabe a nós estudar a Amazônia e a explorar (e muito, pois tem  muito a oferecer) sem depredar. É possível e lucrativo, mas requer responsabiliade, estudo e paciência.

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