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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Uma no Cravo, Outra na Ferradura


Romero Jucá Filho, senador da república desde 1994; sócio majoritário do estado de Roraima, onde foi governador indicado por Zé de Ribamar; por trás de muitas, eu diria dezenas, de falcatruas naistóriadeçepaís; que até já separou da mulher prá não deixá-la inelegível; dono de uma fortuna incalculável em uma lista enorme de negócios escusos, incluindo financiamentos de bancos federais dando como garantia terras da própria união; líder de todos os governos desde Tomé de Sousa; está preparando mais um grande golpe usando seu prestígio, influência e poder de fogo.
Numa tarde modorrenta lá em 17 de maio, uma quinta-feira de árduo trabalho no Congresso, Jucazinho subiu à tribuna para, como de hábito, defender os mais caros interesses do país. Eloquente, como sempre, exortou os senhores senadores a legalizar a atividade de mineração em terras indígenas, dando sustentação a um projeto de lei de sua autoria.
Em sua empertigada fala, invocou a enorme importância do debate para o Brasil, pois como decorrência da atividade, "haverá pagamento de royalties ao Poder Público e também à população indígena".
Pela regra que estabelece seu projeto, ganhará o direito à mineração aquele que pagar mais à comunidade indígena. Digamos assim, haverá uma licitação tipo leilão.
Jura com todas as letras que serão adotadas todas as providências para que haja todo o cuidado ambiental e todo o cuidado antropológico por parte da eficientíssima Funai.
O momento foi de grande emoção. Jucá talvez tenha pela primeira vez na sua longa carreira, empregado no mesmo discurso os termos "licitação, cuidado ambiental e cuidado antropológico". 
Mas aqui deixo a pergunta a ser respondida na sequência: Por que (separado viu dona deelma?) Jucá tem enorme pressa para que o projeto seja aprovado logo, de preferência, ainda neste ano?
Em 2 de abril; portanto, um mês antes do discurso eloquente e cheio de interesses republicanos de Jucá, uma empresa chamada Boa Vista Mineração pediu autorização ao governo, através do Departamento Nacional de Produção Mineral, o DNPM, para explorar ouro em nove áreas de terra que suportam comunidades indígenas; aliás, o que mais tem em Roraima depois que 9 dedos aprovou a bendita reserva Raposa Serra do Sol.
Mas a quem pertence a Boa Vista Mineração, uma empresa com capital de R$ 2 milhões? Por um absoluto acaso do destino, a sócia majoritária chama-se Marina Jucá, cidadã brasileira, vacinada, de 29 anos, e filha do nobre senador. Também por inusitada complementação societária, os outros dois sócios dela no negócio são ligados a çua inçelença. Em mais um daqueles casos de surto de competência filial de autoridades, o tino empresarial de Marininha revelou-se bem recentemente. Não faz muito tempo, a prendada jovem empresária era empregada no gabinete de painho e ainda fazia faculdade na corte.
Obviamente que Jucá nega de pés juntos e mão na bíblia que haja conflito de interesses quando defende uma lei que beneficia sua filha, recém-convertida em expert em estudos e explorações geológicas, e que não tem nada a haver com os negócios da filhota.
Tolos, os apadrinhados de Romerito querem explorar ouro em reservas dos índios macuxis e uapixanas, num pequeno latifundio de mais de 90 mil hectares (coisa mais ou menos do tamanho da cidade do Rio de Janeiro), próximo à fronteira com a Venezuela, e portanto de dificílimo acesso e fiscalização, sem contar a extrema permissividade de evasões escamoteadas.
E podem ter certeza que o El Dorado do mais roraimense dos pernambucanos vai sair loguinho. O relator do projeto na Câmara é o deputado Édio Lopes, por obra e graça dos deuses indígenas, também do PMDB de Roraima e amigo íntimo do senador. também com os orixás ajudando, Sérgio Dâmaso, senhor da guerra no DNPM, aquem caberá dar a canetada final e conceder as autorizações e decretos de lavra à empresa da prendada Marina Jucá, é bancado no cargo pelo PMDB.
Uma vez que o pedido foi feito antes da vigência da lei, se o projeto for aprovado, poderá nem requerer uma licitação e a empresa dos Jucás deverão obter a licenças de imediato.
Morei em Roraima por 2 anos. Aquilo lá é um paraíso de minérios, em especial ouro e diamantes, além do raro e caro nióbio, usado na prodição de ligas especialíssimas de finos aços para tubulações de fluidos que requerem extrema pureza dos pipelines, como petróleo e água super-pura da indústria nuclear devido a sua baixa capacidade de captura de nêutrons termais.
também é usado em soldas elétricas de primeira linha e nas superligas para fabricação de componentes de motores de jatos , subconjuntos de foguetes , ou seja, equipamentos que necessitem altas resistências a combustão.
E ainda o nióbio se converte num supercondutor quando reduzido a temperaturas criogênicas, sendo portanto, item de extremo valor num futuro meuito próximo.
Conhecendo um pouquinho de mineração, minerais, da região e de Romero Jucá, afirmo sem medo de errar, que tem muito chuncho escondido nesse angu. Romerito não bate prego sem estopa. Podem aguardar.

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