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terça-feira, 10 de maio de 2011

General Augusto Heleno Ribeiro Pereira

Deu na Folha de São Paulo:
Afastou-se ontem do seu último comando quando passou para a reserva, o General de Exército Augusto Heleno. Em seu pronunciamento de despedida o general invocou a memória do seu pai, também militar e que era coronel quando morreu (na ocasião Heleno era tenente).
Disse o general que “...lutastes em 1964, contra a comunização do país e me ensinastes a identificar e repudiar os que se valem das liberdades democráticas para tentar impor um regime totalitário, de qualquer matiz”.
Polêmico e respeitado entre os militares, Heleno foi o primeiro comandante brasileiro da Força de Paz da ONU no Haiti e Comandante do Exército da Amazônia, uma das vagas mais disputadas pelos oficiais-generais; depois de passar por comandos de grande relevância, embora seu último posto tenha sido no burocrático Departamento de Ciência e Tecnologia, um castigo pelas ações que desenvolveu e as posições que assumiu nas questões da Amazônia e das terras indígenas.

Em sua formação na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) foi apenas o primeiro colocado de sua turma de cavalaria. Repetiu o feito na turma de cavalaria na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), recebendo por isso a Medalha Marechal Hermes de prata dourada com três coroas, honra que pouquíssimos conquistaram na história.

Como Comandante Militar da Amazônia, o general Heleno contestou a política indigenista do governo do EX, que qualificou de "lamentável para não dizer caótica", durante palestra no Clube Militar, no Rio de Janeiro, à época da demarcação da terra indígena de Raposa Serra do Sol em Roraima. Na ocasião afirmou que os índios "gravitam no entorno dos nossos pelotões porque estão completamente abandonados".
O encerramento da brilhante carreira e a passagem do comando se deu na presença do comandante da força General de Exército Enzo Martins Peri e não contou com o "abrilhantamento" do sinistro da defesa, o general da banda Nelson Jobim, que não compareceu.
Disciplinado na ativa, pode-se permitir com muita justiça em sua despedida reclamar: “Quando fui nomeado, diz-se que eu estava sendo colocado na geladeira profissional. Sem dúvida, o DCT nada tinha a ver com meu perfil e minhas aptidões. Mas por decisão do comandante supremo, eu me tornara o exemplo típico do homem errado no lugar errado”. O comandante supremo era o EX dos nove dedos.

Só quem vive NA Amazônia e, mais ainda, quem vive A Amazônia pode entender o profundo significado e a importância dos pronunciamentos do general à época.

A penúria que passam as tropas acontece de ponta a ponta do Brasil, fruto do descaso com que são tratadas. Mas uma coisa é não ter equipamento no sul e sudeste, e mesmo no planalto; e outra é estar aqui em cima, onde o filho chora e a mãe não escuta.

Estudioso e dedicado aos temas inerentes à sua área de comando, o general Heleno falava com propriedade da terra e de seus filhos, nativos ou adotivos.

O apogeu do estremecimento das relações do comandante do CMA com o planalto coincidiu com meus primeiros passos nas redes sociais e as minhas interações com os debatedores da grande rede, em especial lá no Coturno Noturno; embora já fizesse trabalho eletrônico e real semelhante com outros meios.

Tive a honra e o prazer de ter encontrado e conversado pessoalmente com o General Heleno por valiosos 30 minutos enquanto tomávamos um café num shopping da cidade.

Presto a ele minhas homenagens e o agradecimento de um amazônida empertigado por seu amor, dedicação e empenho a nosso solo.

Como se saúdam os militares locais, SELVA General.

5 comentários:

Sonia disse...

Sempre me emociono quando leio suas postagens, porque é possível perceber o quanto de você é depositado em cada uma delas.
Você escreve com alma, com o coração.
Não tem como não se deixar contagiar e emocionar por isso.
Bjoks, cacique! Foi realmente um belo encontro na tribo...obrigada pelo convite!

Fusca disse...

Gen. Heleno na ativa ou candidato a presidente. Na reserva, só como candidato! Em frente, o Brasil precisa resgatar seus valores!

Bluesette disse...

Eis o nosso homem!!!!

@MyrianDauer disse...

Podia ser um bom nome, mas duvido que sequer cogitasse.

Excelente texto viu? Muito bem escrito e o melhor, escrito com verdadeira emoção!

Parabéns!

Anônimo disse...

BRAVO GENERAL

COMO MILITAR DE OUTRA ARMA CONVIVI POR 16 ANOS NA REGIÃO AMAZÔNICA, POR ISSO CONCORDEI E CONCORDO COM TUDO QUE V.Exª FALA E FALOU SOBRE A POLITICA ERRADA DO GOVERNO SOBRE AQUELA ÁREA. QUE BOM SERIA TE-LO COMO CANDIDATO A PRESIDENTE EM 2014.
LIDER NÃO SE FAZ, JÁ NASCE PRONTO.
"EM 2014 MILITAR SÓ VOTA EM MILITAR"
MARINHA