Cuidando Bem dos Possuídos - Com Uma Mãozinha Da Câmara Federal

Tinha deixado preparado post com esse tema para sair ante-ontem, mas o glorioso blogger e seu caos não permitiu e ainda detonou meu rascunho. Bem que tentei recuperar todas as informações e pesquisas que fiz, mas algumas foram de sub-links que não achei mais. Embora não esteja on time, ainda não é de todo ultrapassado pela asneira que relata. De qualquer forma, está abaixo nossa interpretação para o fato. Digam lá: é ou não muita falta do que fazer?==================================
Nem acreditei quando li nos jornais do país que, num notável trabalho de nossos parlamentares, a quem reputo a certeza de que é muita falta do que fazer, aprovaram um projeto de lei que obriga as roupas íntimas (cuecas, calcinhas, soutiens e afins) a portarem etiquetas com alertas sobre cancer. É um verdadeiro absurdo que se preocupem com uma bobagem dessas, com certeza lobby de alguém, e deixem de deliberar sobre as PEC's 300 e 122, por exemplo.

Em pouco tempo (só falta a sanção de dona deelma), as tais peças terão de ser vendidas no Brasil com etiquetas que alertarão contra os cânceres de mama, colo de útero e próstata. Parece brincadeira né? Mas não.

O projeto de lei que é oriundo do senado e foi aprovado de forma conclusiva pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados e portanto, que não requer discussão e votação em plenário (a menos que 52 almas pensantes façam requerimento para tal em 5 sessões seguintes), determina que as cuecas de tamanho adulto terão de trazer uma etiqueta com advertência sobre a importância do exame de câncer de próstata para os homens com mais de 40 anos. Da mesma forma, também será obrigatória a fixação de mensagem em calcinhas no tamanho adulto sobre a importância do uso de preservativos como forma de prevenção do câncer de colo de útero e da realização periódica, por todas as mulheres com vida sexual ativa, de exames de detecção precoce dessa doença. No caso dos sutiãs, a etiqueta deverá alertar sobre a importância do autoexame dos seios para deteção precoce de câncer de mama, além de trazer informações sobre como fazer o exame. A regra se aplica a todas as peças produzidas ou vendidas no Brasil, mesmo aquelas importadas.
Como uma "lei moralizadora" que é, estão previstas severas punições para quem não a cumprir como apreensão do produto, suspensão da venda ou da fabricação, cancelamento de autorização de funcionamento da empresa e proibição de propaganda. A regulamentação será feita pelo ministério da saúde que também se encarregará de fazer a fiscalização. Tudo isso em 180 dias.

O sinistério que não dá conta nem de mosquito da dengue e vacina prá gripe, agora vai tomar conta de calcinhas, soutiens e cuecas. Depois reclamam que se faz piada com tudo.

Para não perder o registro histórico, saibam que o notável projeto tramita no Congresso desde março de 1999 e foi apresentado pelo ex-deputado Barbosa Neto (PMDB-GO). Ao justificar a proposta, naquela época, o ex-deputado argumentou que “a informação nas mãos do consumidor tende a alertar de modo contínuo”.

Mas ele não nasceu deformado assim. No começo era uma brilhante idéia, por incrível que pareça. Previa que, para efeitos educativos, as EMBALAGENS de roupas íntimas levassem avisos orientativos para que seus usuários procurassem os serviços médicos para conhecer sobre e prevenir doenças sexualmente transmissíveis E cânceres de mama, colo de útero e próstata. Até os fabricantes gostaram da idéia e houve imensa receptividade ao projeto. Ao longo do tempo, sofreu todo tipo de atentados e virou esse monstro que aí está.
Num país em que nego não lê nem bula de remédio prá ver o que está tomando e sua posologia, e é costume se arrancar etiquetas de roupas íntimas que fiquem incomodando; suas ex-inçelenças fazerem uma lei dessas só pode ser coisa de quem não tem o que fazer. É melhor que se façam sessões de homenagem a alguém. Pelo menos não geram custo inútil e trabalho inócuo ao MS que vai ter que desviar equipes prá isso ao invés de cuidar do que interessa. Ou pior, contratar mais cumpanhêrus.

Para grandes fabricantes isso já seria um transtorno. Imaginem para os micro e pequenos produtores de Nova Friburgo, cujas instalações foram devastadas pelas enxurradas do começo do ano.

Pensem no tamanho dessas tais etiquetas para que sejam legíveis; ou tentem supor o tamanho das letras para caber na etiqueta. Em um ou outro caso só tem um caminho: LIXO.

Para "homenagear" o evento, resgato uma memorável propaganda da zorba, que lembra sobre o aconchego que merece o amigão (ou amigona).