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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Gerando Energia Até Com o Que Não tem


Matéria publicada ontem no Globo dá conta que, o maior dos orgulhos energéticos do planeta, a matriz energética mais limpa do mundo, com 46% de fontes renováveis, tem agora pelo menos dois motivos para se envergonhar. 
O primeiro é que o setor de energia brasileiro está mais “sujo”, produzindo toneladas de gás carbônico (CO2) e outros gases de efeito estufa, com o aumento de cerca de 30% nas emissões em relação a 2006, por conta do irresponsável aumento da geração térmica com usinas altamente ineficientes por apresentarem alto consumo específico e usando combustíveis pesados.
O segundo, e mais grave motivo de vergonha, é o desperdício. Mantendo apenas o foco na produção e esquecendo de controlar e orientar o consumo, apenas em 2013 estima-se que o país desperdiçou 46,4 mil Gigawatts/hora (GWh), o equivalente a quase metade da energia gerada na usina de Itaipu (98,6 mil GWh) e é superior ao consumo de todo o Estado do Rio (38,9 mil GWh).
A informação vem da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco). Seu presidente, Rodrigo Aguiar, informa que a energia desperdiçada vem aumentando sistematicamente uma vez que a incompetência reinante no comando do setor desde que a governANTA era sinistra das minas e energia, não desenvolveu programas de eficiência energética ao menos adequados que fossem. 
Desde a época do governo Collor, que existem programas de eficientização do consumo e, em números de hoje, poder-se-ia obter reduções de, no mínimo, 10% no consumo, coisa de uma economia de R$ 11,5 bilhões.
E estou falando de coisinhas aparentemente bobas como orientar a população a não deixar aberta a porta da geladeira ou financiar um empresário para trocar uma caldeira de baixo rendimento e com combustíveis altamente poluentes. 
Gerar com termelétricas a bom volume, vem como decorrência do uso de hidrelétricas com reservatórios a fio d’água (quase que para consumo diário, sem estocagem e sem usinas de regulação a montante), por conta de questões ambientais. Era só fazer o balanço em carbono de florestas alagadas x volume de gases de efeito estufa da geração térmica e acabar a argumentação de ambientalistas. Mas não... Acho que ninguém por lá sabe fazer isso. 
E o povo tem na memória o sentimento participativo desde o racionamento de 2001. Na época, todos reduziram seu consumo, com o uso de lâmpadas LED e outras ações para evitar desperdício. Neste caso, na minha modesta opinião, o governo é o culpado porque, em vez de lançar campanhas de incentivo à economia de energia, estimula o consumo com medidas como a redução de tarifas da conta de luz no ano passado, sem falar na avassaladora aquisição de condicionadores de ar, chuveiros elétricos, geladeiras, TVs e outros vorazes consumidores de energia; torra bilhões em campanhas de auto-elogios tentando enganar a população com fantasias que são exatamente o oposto do péssimo governo que fazem.
Esses programas de eficiência energética deveriam ter mais campanhas. É fácil cortar em 20% o consumo em qualquer residência ou comércio. Eu já fiz isso no passado. Tínhamos ações nas classes de sétima série do ensino fundamental em que acompanhávamos o consumo das casas dos alunos treinados e os resultados eram superiores a 20% na redução do consumo. Nas indústrias, conseguíamos resultados superiores a 30%.
Diz a reportagem que, a China, apesar de ser o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, é o país que mais investe em sua redução, desenvolvendo fontes de geração renováveis e aumentando a eficiência energética. Enquanto os chineses já têm cerca de três mil ESCOS (Empresas de Serviços de Conservação de Energia), no Brasil são em torno de 150.
Eficiência energética não é racionamento. É um programa de educação, de mudança hábitos nas casas e nas empresas (indústria e comércio), adotar processos, sistemas ou equipamentos que consomem menos energia. A troca de um sistema de ar-refrigerado em um hotel pode reduzir em até 35% o consumo.
Os gastos menores com energia no país também elevam a produtividade e a competitividade, que, por sua vez, aumentam a lucratividade ou reduzem os preços.
Governo: eficiência é ‘muito importante’
No Brasil, existem vários programas de eficiência energética. Um dos mais antigos, o que me referi acima da época do Collor, é o PROCEL, coordenado pela Eletrobras, que desenvolveu, entre outas ações, o selo para equipamentos industriais e eletrodomésticos que consomem menos energia. Há ainda o Plano Nacional de Energia, o Plano Nacional de Eficiência Energética e o Decreto Nº 7.390, que regulamenta a Política Nacional de Mudança do Clima. Mas os resultados têm sido pequenos, com reduções pífias de 1,6% em 2013 e com previsão de apenas 2,1% para 2014. Pelas projeções, só lá pras bandas de 2030 o país vai economizar 10,3% de energia com eficiência energética.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, responsável maior pelo consumo consciente e eficiente, disse que o governo tem consciência da importância de se buscar a eficiência energética, mas que não vê "importância em ter metas elevadíssimas, mas sim realistas que sejam acompanhadas e atingidas". Tomanocó...É claro que a eficiência energética é muito importante e deve ser a primeira opção. 
Manda a boa engenharia que se tenha em conta que "o megawatt poupado é o mais barato, sem impacto nem obra nenhuma. O problema é que obriga seus executores a pensar e trabalhar, coisas que não são muito afetas a essa corja

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