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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Apagou Tudo. Tchan, Tchan, Tchan, Tchan...


Era inevitável. Como todas as demais mentiras ditas na campanha eleitoral, o sistema elétrico brasileiro NÃO é nem um pouco ROBUSTO, como afirmavam deelma e o Lobão. E isso eu escrevo aqui há uma porrada de tempo.
Ontem, por determinação do ONS - Operador Nacional do Sistema, cerca de 3.000 MW foram deliberadamente desligados para manter a estabilidade do sistema como um todo.
Para fazer ideia,da grandeza, estamos falando de desligar duas cidades iguais a Manaus, uma metrópole de 2,3 milhões de habitantes ou 40% da carga da grande São Paulo, ou perto de 8% da carga total do país. É MUITA COISA.
Pelos dados disponíveis, já que a explicação do ONS foi simplória e só visou blindar a dentuça, que proibiu até o ministro Eduardo Braga de falar muito, para o apagão não chegar perto dela; estivemos muito perto da falha total.
A informação oficial: a falha de um Banco de Capacitores - BC restringiu o despacho de energia no sentido norte-sul. Com isso houve queda na frequência do sistema e provocou desligamento da usina de Angra I e, seguidamente, mais 7 geradoras de porte. Como a carga estava subindo, o ONS determinou que as distribuidoras ativassem MANUALMENTE o Esquema Regional de Alivio de Carga - ERAC, desligando as cargas não prioritárias de modo a equilibrar a reação geração x consumo.
Esclareço que, se não fosse feito o corte, o ERAC ia atuar no automático e a bronca poderia ser muito maior ou até mesmo total, pois também haveria atuação da proteção pelo lado da geração num efeito dominó.
Os Comentários: Não sei em que ponto se deu a tal falha dos capacitores; mas tem que ter sido, digamos assim, uma dor no primeiro e segundo molares, tamanha a importância que se deu a ela. 
A função dos BCs é evitar fluxo de energia não produtiva nas linhas de transmissão. Porém, para levar à tal alegada queda de frequência no sistema, a ponto de começar a derrubar usinas, teria que ser um super-banco, o que não existe. Estes equipamentos são modulares e perder todos os módulos de uma vez só, é mais difícil que aqueles três raios que acertaram as três linhas simultaneamente uns anos atrás. Até porque, para linhas de carga muito pesada, além dos bancos de capacitores, usa-se compensadores série, mais eficientes e de ação mais rápida.
Observando os mapas indicativos dos estados atingidos e comparando com o mapa eletro-geográfico do sistema interligado, permito-me supor que o defeito ocorreu em alguma instalação próxima da subestação de Serra da Mesa, já que houve um isolamento do sub-sistema norte-nordeste e o corte se restringiu aos sub-sistemas sudeste-sul-centro oeste.
Sobre os desligamentos sequenciais das usinas, a queda de frequência alegada sinaliza que havia um empate na disponibilidade de geração frente às condições de carga. O "fiel da balança" estava bem no meio; quase sem reserva, como se recomenda, pelo lado da geração. A proteção de velocidade dos geradores os faz desligar.
Daí a necessidade de se comandar o imediato corte seletivo de carga, para reequilíbrio do sistema, sendo esta a atuação técnica correta.
Reitero o que já citei aqui: os reservatórios das hidrelétricas, que respondem por cerca de 75%, contém apenas 19% de sua capacidade de armazenamento. Usaram a água além do ponto de equilíbrio devido, para evitar o aumento do prejuízo das distribuidoras com a geração mais cara das usinas térmicas. Usina térmica, mesmo as unidades Heavy Duty, não foram feitas para gerar a toda carga o tempo inteiro. As nossas vêm trabalhando assim há muito tempo. Logo começarão a dar defeito.
Não tenho a menor confiança de que se siga corretamente os programas de manutenção preventiva e preditiva dos equipamentos auxiliares como transformadores, disjuntores, chaves, etc. Basta ver os tais bancos de capacitor que falharam agora.
Portanto, recomendo que mantenham em dia os estoques de pilhas alcalinas nas lanternas, a conta corrente no fornecedor de gelo para conservação de alimentos e comprem leques para atenuar o calor, porque a coisa vai piorar ainda...

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