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sábado, 27 de setembro de 2014

Cordelando 88: Perdão Foi Feito Pra Gente Pedir


Uma moda bem recente,
Que causa consternação.
Essa coisa moderninha,
De tudo pedir perdão.
Pede perdão quem errou,
Quem não errou, faz também.
Seja lá de coração,
Ou por ordem de de alguém.

Pulula em todo país,
Verdades em comissão.
Que se criou pra apurar,
Quem torturou seu irmão.
Esquecendo de uma lei,
Que há tempo existia.
Foi dado pra todo mundo,
Perdão completo e anistia.

Voltou gente que saiu,
Pra viver no estrangeiro.
Por ser contrário ao regime,
Que governou brasileiro.
Voltaram falando grosso,
Se elegeram pra tudo.
Governador, senador,
Competente ou narigudo.

Do lado do militar,
Uma coisa se pediu.
Vale pra lá e pra cá,
Vamos zerar o Brasil.
No começo, tudo bem;
Parecia ter acordo.
Até que os mais vermelhinhos,
Quiseram acochar o torno.

Esqueceram o combinado,
E criaram comissão.
Pra descobrir a verdade,
Somente numa visão.
Pegaram os apaniguados,
Abriu-se processo a botão.
Cada um que lá buscasse,
Uma grana da nação.

Teve pensão da graúda,
Além de indenização.
Fosse para o "agredido",
Pra mulher, filho ou irmão.
Muita gente se deu bem,
Enriqueceu de repente.
Pegou até uma beirinha,
Um tal que foi presidente.

Se bem que depois se soube,
Que a cana que pegou.
Na verdade foi forjada,
Ele lá só delatou.
Chamado até de X9,
De Barba, bandido amigo.
Que usava a viatura,
Fumando e abrindo o vidro.

Não ficou fora ninguém,
Dos amigos do poder.
Babita pra todo mundo,
Nem tentaram se conter.
Além disso teve cargo,
Boa remuneração.
Sem contar o de por fora,
Onda de corrupção.

Mas ainda acharam foi pouco,
Toda grana que corria.
Quiseram ainda humilhar,
Que caladinho assistia.
Cutucaram os militares,
Queriam deles perdão.
Que ficassem de joelho,
Perante toda nação.

Mandaram buscar em casa,
Até os aposentados.
Fosse soldado ou patente,
Tem recruta e graduado.
Tinha lá que confessar,
Que bateu, quem deu porrada,
Beliscão ou safanão,
Até quem não fez foi nada.

Os milicos se arretaram,
Começou rebelião.
Mandavam até bilhete,
Dizendo "lá não vou não".
Não tenho nada a contar,
Fiz tudo de coração.
Era só o meu trabalho,
Cuidar de minha nação.

O pessoal  4 estrelas,
Um manifesto editou.
Só general graduado,
Que a tropa respeitou.
Disseram que não pediam,
Desculpa nem com vexame,
Falando com autoridade,
Que assustou a madame.

Hoje acordei com a notícia,
Que a coisa piorou.
Do outro lado do mundo,
Um dedinho se levantou.
No ano 64,
Depois da revolução.
Prenderam uns chinezinhos,
E lhes deram safanão.

O que se sabia deles,
Coletando muita pista.
Foi que queriam fazer,
Uma célula maoísta.
Tinha armamento, dinheiro,
Tinha comunicação.
Coisa boa é que não era,
Foram expulsos da nação.

Pois não é que apareceu,
Uma velhinha sumida,
Que disse pra comissão,
Que era tudo mentira.
Que não foi nada daquilo,
Que foi tudo armação.
E levantou-se outra lebre,
E armou-se a confusão.

Lá "vai nóis" pedir desculpa,
Pro pessoal de Beijing.
Mandar a grana de volta,
Contar tin-tin por tin-tin.
Tudo em nome da amizade,
Com o povo da muralha.
Mais uma vez o vexame,
Nossa Senhora nos valha.

Só não vejo se pedir,
Desculpa de quem matou.
Pondo bomba ou assaltando,
Quem a lei ignorou.
Desse lado só vantagem,
Prêmio e valorização.
Já se chama de herói.
Quem antes era vilão.

Esse povo é que manda,
Nos rumos dessa nação.
Ganham cargo, regalia,
Em tudo metendo a mão.
Bilhões que se dá sumiço,
Gangue bem articulada,
Nesse povo não se mexe,
Não se prende nem faz nada.

Só nos resta uma chance,
De acabar com o fuxico.
Dia 5 de outubro,
Derrotar o estrupício.
Elegendo o candidato,
Que tem força no batente,
Votando 45,
Aécio pra presidente.

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