Um casal de índios pertencente a tribo Maués, vivia junto por muitos anos sem ter filhos mas desejavam muito ser pais. Um dia eles pediram a Tupã para dar a eles uma criança para completar aquela felicidade. Tupã, o rei dos deuses, sabendo que o casal era cheio de bondade, lhes atendeu o desejo trazendo a eles um lindo menino.
O tempo passou rapidamente e o menino cresceu bonito, generoso e bom. No entanto, Jurupari, o deus da escuridão, sentia uma extrema inveja do menino e da paz e felicidade que ele transmitia, e decidiu ceifar aquela vida em flor.
Um dia, o menino foi coletar frutos na floresta e Jurupari se aproveitou da ocasião para lançar sua vingança. Ele se transformou em uma serpente venenosa e mordeu o menino, matando-o instantaneamente.
A triste notícia se espalhou rapidamente. Neste momento, trovões ecoaram e fortes relâmpagos caíram pela aldeia. A mãe, que chorava em desespero, entendeu que os trovões eram uma mensagem de Tupã, dizendo que ela deveria plantar os olhos da criança e que deles uma nova planta cresceria dando saborosos frutos.
Os índios obedeceram aos pedidos da mãe e plantaram os olhos do menino. Neste lugar cresceu o guaraná, cujas sementes são negras, cada uma com um arilo em seu redor, imitando os olhos humanos.
Estimulante, tônico, vermífugo e até afrodisíaco - são muitas as propriedades atribuídas ao guaraná. Não estou me referindo ao conhecido refrigerante, mas do pó extraído dessa incrível semente com quais os índios da Amazônia faziam o Uaranã, ou "bebida dos senhores”.
Natural da Amazônia, o guaraná é um cipó que se enrosca no tronco das grandes árvores e sobe muito, podendo atingir até 10 metros. Suas flores são brancas, de formato parecido com as do café. Quando a flor cai, aparece o fruto, pouco maior que um grão-de-bico e fortemente colorido: vermelho em cima e amarelo embaixo. Desse fruto de aparência estranha, semelhante a um olho humano, é extraído o pó de guaraná, que você encontra facilmente em drogarias, casas de produtos naturais e nos grandes supermercados. Hoje a extração do pó de guaraná é altamente industrializada, mas entre os índios tinha o caráter de uma verdadeira festa, da qual todos participavam inclusive as crianças.
As sementes primeiras são maceradas, para separar a polpa. Depois de lavadas e secas, elas são trituradas e misturadas com mandioca ou água, para o preparo dos "pães" ou bastões, dos quais é finalmente obtido o pó de guaraná.
O pó de guaraná serve para quase tudo. Se você não acredita, veja só o que se consegue com uma única receita: ele é tônico, reconstituinte, calmante para o coração e relaxante muscular. Combate à arteriosclerose, é recomendado para diarréias, disenterias, nevralgias e enxaquecas. Como contém cafeína, também é usado como estimulante. Para quem vive preocupado com aqueles quilinhos a mais, nada melhor que o pó de guaraná: ele inibe o apetite e regula as funções intestinais. Também pode ser usado para combater bronquites renitentes e constipações acompanhadas de febre. Para os mais velhos, o pó de guaraná serve ainda como um tônico rejuvenescedor, pois combate o estado geral de fraqueza proveniente da idade avançada. E, além de tudo isso, alguns dizem que ele ainda é afrodisíaco.
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